Seremos nós tão evoluídos quanto acreditamos?
Contrariar é chamar à atenção. É o que parece ser a única
forma de possuirmos algum individualismo.
Num mundo onde o rebanho é a nossa principal referência, é
inevitável a emergência da necessidade de uma diferenciação em relação aquilo
que nos rodeia. Sendo a controvérsia a base da expressão dessa necessidade.
Por vezes, entramos numa troca de argumentos em que não se
tenta apenas chegar a uma conclusão. Ao invés, a divergência surge por
necessidade de demonstrar a nossa unicidade. Mesmo concordando com a tese do
nosso opositor, é muito possível que venhamos a discordar da mesma se
estivermos inseguros em relação ao nosso valor, assim como à validade da nossa
experiência.
Reagimos por impulso (negação) e não de forma racional
(perceber, filtrar e assimilar a informação recebida àquela que já possuíamos).
Encontramo-nos seres possessivos, focados em encontrar e
guardar a sete chaves o que é "nosso". Até ao nível das nossas
crenças.
Vivendo na chamada era da evolução temos, no aspeto panorâmico da situação, um mundo em
constante crescimento tecnológico, todavia governado por macacos. Animais
instintivos dominados por medos que têm por base a ignorância. Medos originados
pela falta de conhecimento. Até de nós próprios.
Talvez devêssemos começar a focarmo-nos mais no nosso
desenvolvimento enquanto espécie antes de continuar a desenvolver o que nos
rodeia.
É como se o Mundo estivesse concebido para nos dar tudo o
que precisamos, mas nós, ao não conseguirmos entender as nossas próprias
necessidades, começamos a alterar o Mundo para que este preencha aquelas que
achamos que possuímos.
Mas as verdadeiras necessidades ficam por satisfazer e então
ficamos frustrados, e a frustração leva ao desespero, que leva à atitude de
continuar a fazer o mesmo e desejar obter resultados diferentes. Acabando assim
por suprimir a questão fulcral: "quem somos nós? De que precisamos
realmente?". Não o entendendo ficamos confusos, e cada briga acaba por ser
uma tentativa de colocar a culpa dessa confusão num outro qualquer.
Não sabemos quem somos. E o resultado traduz-se em discussão
e desentendimento.