segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Sintra Deambulada( 2013- )


FREDERICO PARADELA DE ABREU 


Licenciado pela Escola Superior de Comunicação Social, mestrando no ISCTE, frequentou a Universidade de Barcelona.

Não escondo que a minha primeira contribuição para o blogue Sintra Deambulada é, em parte, motivada pelo desejo de obter o estatuto de «contribuidor» que legitime a minha presença nos «jantares tertúlias» (numa linguagem mais erudita chamar-lhe-íamos: «amigos a beber copos») que amiúde são organizados e procuram promover as interacções entre os «contribuidores», mas desta vez no mundo offline. Ainda assim, e sem revelar o tamanho da fatia percentual que a motivação «gosto pela pândega» ocupa, há outro importante estímulo que me impulsiona a dedilhar: habito em Sintra. Essa qualidade (como tudo na vida) acarreta direitos e deveres, e como tal nós, sintrenses, temos o dever de dar o nosso contributo para melhorar Sintra mas, também, o direito de nos orgulharmos desse contributo. O dever de garantir que, no futuro, o nome deste blogue não tenha razão de ser, e o direito de nos orgulharmos da sua nova designação: «Sintra com Rumo».

Não serei «omniabordativo1» nas sugestões que poderão potenciar a extinção do nome do blogue, apenas enfatizarei duas, por estas razões: uma primeira prende-se com o facto de não querer abusar do tempo despendido pelo leitor (espero que tenha aparecido algum) e não ser preterido pelos «custos de oportunidade» que estão a concorrer no meu campeonato (cortar as unhas, ver mails de pessoas a cair, ir levar o lixo, entre outros). A segunda deve-se ao facto de querer assegurar algum enfoque numa questão que se atomiza em varias dimensões e como tal tem de ser organizada por esferas de actuação, não podendo ficar redigido num só texto.

A primeira, a mais nevrálgica, refere-se ao facto de ser necessário combater a gravidade. E embora haja 3 ou 4 pontos onde a gravidade se acumula e cuja intensidade não encontra semelhantes, a verdade é que as forças que puxam Sintra para baixo estão por todo lado. Muitas vezes em círculos dos quais fazemos parte. Esta realidade é a que mais contamina Sintra e as iniciativas daqueles que dignamente procuram alcançar objectivos. É preciso ter o espírito de missão e contrariar essas forças da gravidade através do exemplo, através do confronto, fazendo uso da palavra, e não ter medo de responsabilizar. Falar de generalidades e colectivos abstractos longínquos nunca será eficaz (como eu estou mais ou menos a fazer agora).

O segundo ponto é estritamente individual (estando sempre integrado num colectivo) e passa por nos regermos sob um espírito de compromisso connosco próprios para que todo o output que fornecemos ao ecossistema (Sintra), onde estamos inseridos, seja o melhor possível. Materialize-se, ele, sob a forma de uma queijada, sob forma de um parecer jurídico, sob qualquer forma, tangível ou intangível, artística ou pragmática, corriqueira ou extraordinária, aquilo que fazemos, aquilo que dizemos, altera a realidade de uma forma que normalmente nem nos apercebemos do seu alcance, tanto as grandes como (principalmente) as pequenas acções. É necessário assumir uma postura de aprendizagem ao longo da vida e apontar sempre para cima. Que a meta seja Sintra a ser a Silicon Valey da cultura ou que a doçaria de Sintra ultrapasse a notoriedade dos croissants de França ou qualquer outra área que nos interesse, o importante é apontar para cima. A internet (terá certamente defeitos mas isso é outra guerra, não as misturemos sob o risco de perder ambas) veio democratizar, mais do que nunca, o acesso ao conhecimento e informação e permitir o desenvolvimento a um custo marginal. Façamos dela um importante aliado.

Sintra nunca deve esquecer uma das regras básicas de andar de bicicleta: é preciso estar em movimento para manter o equilíbrio.  

Nota do autor: Não sei se a língua portuguesa tem algum tipo de regra de etiqueta face ao uso de dois (que se complementam) dos seus sinais gráficos mas, se tem, peço perdão pela minha falta de tacto; é que fui um perdulário. Fiz uso de 8 unidades deste sinal gráfico: «, e mais 8 de este: », e durante este esbanjar frenético apercebi-me de que não sabia o nome da sinalética gráfica em questão. Como tal desloquei-me ao mundo offline em busca de preencher a lacuna de informação e através do Prontuário Ortográfico da editora Casa das Letras (49ª edição: Agosto de 2008) observei que os sinais em questão davam-se pelo nome de «aspas» (o que acabou de acontecer foram meta-aspas: aspas usadas na palavra aspas). Fiquei imediatamente sobressaltado com as implicações que isto teria na vida das pessoas tendo em conta que o complemento dado pela linguagem gestual, quando a linguagem verbal verbaliza (passe a redundância por favor) o termo aspas, teria de ser alterado. Neste novo paradigma gesticular, as mãos teriam de fazer, cada uma, um “V” deitado, com os ângulos agudos virados um para o outro, aquando da utilização da palavra aspas no discurso. E o que me afligia era que a minha pessoa é que teria de ser o responsável pela simetria de informação entre eu e o mundo visto que a alienação é de escala global. Agora imaginem como seriam achincalhantes os primeiros meses desta missão quando, em eventos sociais, eu erguesse ambas as mãos em posição de “V” deitado com a naturalidade de quem ergue o dedo indicador e o dedo médio de ambas as mãos após a inserção do termo «aspas» no decurso de um discurso.

Ainda assim, e apesar da delicadeza do assunto, tive a frieza para constatar que se este par «» se chama «aspas», então eu não sabia o nome do par destronado “ “, e tão-pouco o prontuário fazia menção. Fui ao mundo online e verifiquei que as fontes, rotuladas de pouco fidedignas, ainda estão no paradigma gestual anterior. Talvez algum membro do blog me possa ajudar nesta complexo aparato de descobrir a verdadeira identidade de estes dois pares. Ficaria muito agradecido. 

Nota do autor sobre a nota do autor: Espero que a nota que o autor trouxe à presença não desvirtue o nobre e importante tópico que o texto e blog pretendem servir.


1.Omniabordativo. Palavra inventada pelo autor com a definição “abordar todos os aspectos”

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