A Ordem dos Pobres Cavaleiros de
Cristo e do Templo de Salomão [Ordo Pauperum Commilitonum Christi
Templique Salominici] também, e sobretudo, conhecidos por “Os Templários”,
têm, por via da sua história algo atribulada, merecido a atenção de muitos
entusiastas da História medieva.
Uns, levados por prodigiosa imaginação, julgam ver nessa antiga e
extinta instituição canónica, seres oriundos de outros “mundos”, ou detentores
de sapiências e poderes extraterrestres. Outros, mais realistas mas, ainda
assim, Românticos, cuidam que esta poderosa canónica continua a sua existência,
secretamente, guardadora de bens materiais incalculáveis habilmente escondidos
um pouco por essa Europa fora. Quer uns, quer outros, apenas refletem a riqueza
histórica, de prestígio militar, de poder económico que esta Ordem, de Persona-Mista,
granjeou na Idade Média. Poderes que acabariam por a levar à ruína, minada
pela inveja e choque de interesses vários.
Como árvore frondosa, profundamente enraizada no solo europeu cristão
esta, apesar de cortada, rebentou enxertada. O rebento mais profícuo aconteceu,
precisamente, no Reino de Portugal com a sua transformação em a Ordem do Senhor
Jesus Cristo, vulgo Ordem de Cristo, que passou a incorporar todos os bens que
então detinha no mesmo, a sua antecessora, bem como os que, fruto do seu
trabalho na senda da descobertas marítimas, haveria de incorporar.
Na Sintra dos tempos genesíacos dos Templários em Portugal, bem como do
Pós-Reconquista da região de Lisboa, em 1147, sabemos, por Inquirições Régias,
coevas e posteriores, que os bens desta Ordem dos Templários, eram bem
modestos; quer em relação a outras regiões do reino, quer por comparação com os
bens de outras Ordens em Sintra e seu termo. Pelo Rol da Inquirição Régia de
1220, para parte da Estremadura e região de Lisboa, sabemos que a Ordem do Templo
detinha em Sintra:
«Umas boas casas; tendas [espaço de venda que
podiam ser aforadas ou de exploração directa, e nas quais era, ou podia ser,
vendido, o vinho, a fruta e leguminosas de sua produção local]; duas vinha; uma
almoínha [horta] e um moinho de água [engenho moageiro de cereais]», isto na
vila de Sintra.
No termo da mesma: «em Almosquer um pomar; em
Manzanária [que alguns investigadores assinalam como Maceira] uma boa granja
com quatro casais; no Vimieiro uma herdade; em Almoçageme [no documento Almozaieme]
outra herdade; na Adraga outra; e em Rebanque [no documento Revanqui] dois
casais».
Não consta que nestas antigas propriedades existam
tesouros alguns escondidos; nem túneis secretos, muito menos se acredita que o
“Santo Gral” aqui esteja secretamente guardado.
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