Poeta
vulgarmente é um farroupilha
Osga
do ofício: antípoda do agradoDuns iludido d’outros procurado
A capa do vestir da sopa a pilha.
(Domingos Caldas Barbosa, 1780).
Domingos
Caldas Barbosa nasceu no Rio de Janeiro, em 1738, filho do capitão António
Caldas Barbosa e de Antónia de Jesus, negra forra angolana (libertada pelo seu
senhor para que o seu filho não nascesse também escravo), e faleceu em Lisboa,
em 1800, no palacete dos Condes de Pombeiros, à Bemposta, em Lisboa. A sua
formação inicia-se como aluno do Colégio dos Jesuítas do Morro do Castelo, onde
teria escrito sátiras mordazes ao Conde de Bobadela, então representante do
poder Real na Província do Rio de Janeiro do século XVIII.
Após
uma carreira militar infrutífera, no Brasil, ruma a Portugal, matriculando-se
em 1º de Outubro de 1763, na Universidade de Coimbra, onde concluiu a sua
formação académica, em Leis. Foi, inicialmente, protegido pela família Vasconcelos
e Sousa, família muito ligada ao Estado do Brasil, onde exerceram elevados
cargos políticos e militares, a qual o acolheu e o introduziram na melhor
sociedade portuguesa da época, o mesmo será dizer: os Condes de Pombeiro.
Nas
festas da Corte Portuguesa destacou-se como o “Trovador de Vénus e Cupido”,
como podemos constatar na sua obra compilada e editada com o título: a Viola de
Lereno. Obra dividida em dois volumes (1798, vol. I - 1836, vol. II), preciosa
colectânea de suas modinhas, as mais famosas entre os Serões da Corte, de D.
Maria I, e da Sessões da Nova Arcádia, do qual era membro ilustre. Agremiação
de raiz cultural então sediada no Paço dos Condes de Pombeiros e marqueses de
Belas, em Lisboa, e, em Belas, na sua monumental Quinta de Recreio vulgo Quinta
dos Marqueses ou do Senhor da Serra. Porém, parte da sua obra, expressa em
vários documentos e, também, em poemas, mostram outra faceta do poeta, até
então tido, apenas, como trovador e cantor de modinhas. Domingos Caldas Barbosa
passa, então, a ser visto como autor de poesia encomiástica, isto é: poesia que
visa enaltecer uma determinada pessoa ou situação social, tão comum na Era
Neoclássica.
Precisamente,
uma poesia, que serviu segundo a indicação do próprio editor, como cantiga de caracter
encomiástica, que trazemos, novamente, à estampa neste nosso artigo. É de
referir, ainda, que AMIRA era o pseudónimo, na Nova Arcádia, de D. Maria Rita
Castelo-Branco, Marquesa de Belas.
Amira formosa,
Escuta os louvores,
Que os simples Pastores
Vem
hoje entoar:
O
seu Nome ilustre,
Subindo
as Estrelas,
Nos
Bosques de Bellas
Já
vai reôar:
Offrendas
singelas,
Das
suas campinas
Cheirosas
boninas
Te
vem offertar:
E
o Pomo, que pende
Para
ti nascido,
Para
ti colhido
Te
vem entregar
O
Pomo da China
Que
cresce em teus campos,
C’os
figos que lampos
Eu
ouço chamar:
Os
Limões pontudos,
Esféricas
Limas,
te
dão a gostar.
Em
honra a teu Nome
Contentes
trabalhão,
Num
louro o entalhão
Por
vê-lo durar:
Em
honra a teus Filhos
Seis
plantas creáram,
E
a Outras preparão
Bastante
lugar.
Teu
Nome tem feito
Que
do canto gostem,
Tu
fazes que apostem
Teu
Nome cantar:
No
rude Psalteio,
Na
harmónica Lyra
O
Nome de Amira
Se
ouve resoar.
Assim
tua vida
Durar
sempre possa,
Que
he vida q’adoça
O
nosso pezar:
Seremos
alegres,
Não
digo mentira,
O
Tempo em q’Amira
Bellas
animar.
caro prof. Rui Oliveira, gostaria de entrar em contato com o senhor, para questões de pesquisa sobre Lereno, o senhor teria um e-mail, ou outro contato via internet?
ResponderEliminarpor favor, me escreva rubensricciardi@gmail.com para que posso consultá-lo obg e abs Rubens Russomanno Ricciardi (Universidade de São Paulo)
ResponderEliminar