JOÃO CACHADO
É já no dia 22 de Setembro que a Parques de Sintra
apresentará o programa do ciclo de música barroca Noites de Queluz – Tempestade
e Galanterie, cuja segunda edição volta a ter como Director Artístico o Maestro
Massimo Mazzeo, que falará detalhadamente sobre o programa.
Desde já, poderei adiantar não ter a menor dúvida de que,
depois do êxito da primeira edição, esta próxima continuará exactamente na
mesma linha. A Parques de Sintra é uma entidade que nos habituou a não deixar
créditos por mãos alheias. E, porque assim é, também no domínio das propostas
musicais, uma vez alcançado o patamar da excelência, vai saber mantê-lo.
Com os ciclos Tempestade e Galanterie, no Palácio de
Queluz, no Outono e Primavera, Serões Musicais, no Palácio da Pena, durante o
Inverno, e Reencontros – Memórias Musicais de um Palácio, em pleno Verão, no
Palácio Nacional de Sintra, a Parques de Sintra tem vindo a promover a melhor
música dos períodos clássico, barroco, romântico, medieval e renascentista, com
palestras de enquadramento por especialistas do melhor nível.
Neste universo da actividade musical, Sintra está a
beneficiar extraordinariamente com as iniciativas da Parques de Sintra, Monte
da Lua, entidade que, afinal e novamente, a reposiciona como local onde se
pratica a melhor música, por grandes intérpretes.
É com estas preocupações, tendo em conta os mais
permanentes e exigentes padrões de qualidade e no quadro de propostas tão
interessantes e requintadas, que consegue atrair a esta terra, não só os
melómanos de toda a zona de Lisboa mas também de outros pontos do país, que se
deslocam propositadamente, bem como estrangeiros de passagem que não perdem a
ocasião para acederem a tais programas.
Regime
mais-que-perfeito
É, portanto, no Palácio de Queluz, objecto de uma
importante campanha de obras de recuperação e restauro em curso, que se vão
concretizar os eventos do ciclo cujos detalhes de programação se aguardam. Pois
bem, nada mais a propósito que a conveniência de mais uma chamada de atenção
para assuntos, que, tão frequentemente, tenho abordado acerca de peças que, com
o máximo orgulho, designamos como as jóias da coroa, pelo Estado português
confiadas à Parques de Sintra.
Fê-lo de acordo com um regime de afectação em que, nem um
cêntimo - dos vários milhões de que a empresa necessita para manter,
administrar, gerir e, portanto, também financiar todas as obras congéneres com
a qualidade que, é do domínio público, se reconhece como a melhor do mundo -
nem um cêntimo, repito, sai do bolso dos contribuintes!
Nalguns casos, tais necessidades também são supridas por
subsídios internacionais aos quais a Parques de Sintra se candidata. Contudo, é
o produto das verbas obtidas através da venda dos bilhetes de acesso, isso sim
e inequivocamente, que financia obras tão exemplares. Trata-se de um regime do
maior interesse, cujos positivos e benéficos resultados estão à vista,
nomeadamente, através das obras de preservação e restauro já efectuadas e em
curso. E, não esqueçamos, tudo o resto como, por exemplo, as tão sofisticadas
propostas de animação musical como a do caso presente…
Ninguém duvida de que tanto a Câmara Municipal de Sintra
como a Parques de Sintra e o recentíssimo Gabinete do Património Mundial, este
que surge de um Protocolo entre aquelas duas entidades, saberão estar à altura
dos benefícios decorrentes daquele regime.
E, porque assim é, em função dos óptimos resultados que a
experiência e a prática têm demonstrado, não me parece que careça de quaisquer
alterações, nem ao nível do pacto social da PSML, nem quanto ao destino e à
aplicação do importantíssimo volume das verbas resultantes dos bilhetes
liquidados por cerca dois milhões de visitantes.
Por fim, não esqueçamos que, muito especialmente, em
resultado da acção da Parques de Sintra, tão divulgada por esse mundo fora, a
procura turística disparou para números que a comunidade de Sintra dificilmente
acompanha, em particular, nos aspectos mais críticos do transporte e
estacionamento, mobilidade em geral e acesso aos pontos altos da Serra.
Com o objectivo de contribuir para a resolução de tais
questões, todos não seremos demais. E, pessoalmente, bem posso dar testemunho
de que as associações cívicas e culturais de Sintra, nomeadamente, Alagamares,
Associação de Defesa do Património de Sintra e Canaferrim - Associação Cívica e
Cultural, chamadas ao envolvimento que lhes compete, não têm regateado os seus
préstimos.
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