RUI OLIVEIRA
Na nossa deambulação, pelos concelhos de Sintra e Oeiras, eclética e pluridisciplinar porque a Paisagem, o Património e a História Local, também são ecléticas; vamos revisitando lugares, anteriormente referenciados ou não, mas que, permitem viagens de (re)descoberta sedutora, de satisfação em descobrir a espantosa realidade de cada local, quer no passado, quer no presente.
Na nossa deambulação, pelos concelhos de Sintra e Oeiras, eclética e pluridisciplinar porque a Paisagem, o Património e a História Local, também são ecléticas; vamos revisitando lugares, anteriormente referenciados ou não, mas que, permitem viagens de (re)descoberta sedutora, de satisfação em descobrir a espantosa realidade de cada local, quer no passado, quer no presente.
Outras deambulações, igualmente sedutoras, no “mundo”
da documentação escrita, permite-nos apurar a nitidez da História de cada um
dos locais ou contextos, porque esclarecem, levantam novas pistas ou, tão
simplesmente, alargam o âmbito territorial dos estudos a efetuar, a fim de se
compreender o localizado, no todo.
Foi Precisamente
esta lição que retivemos aquando da nossa visita, recente, a um dos lugares
mais emblemáticos e, até, misterioso da Freguesia de Algueirão-Mem Martins: a
Ermida de São Romão; local que habitualmente integra as nossas deambulações no
contexto do levantamento das vias da Romanidade e Medievas na região de Sintra.
Espaço que, em si mesmo, é um desafio constante emanado pelas vetustas ruinas
da ermida, do seu recinto em plataforma, bem como, dos vestígios indiciadores
de uma História antiga. Ora, uma analise mais detalhada no terreno, quer em
extensão, quer em observação pormenorizada de vários elementos construtivos,
relevou, aos nossos olhos, troços de muralhas ou muros divisórios de
propriedades rústicas, poderosamente construídos e, ali, bem conservados. Numa
primeira fase ficamos atónitos! – Depois, no cruzamento entre os dados
documentais e dados do terreno, chegou a compreensão da razão das poderosas
construções, que já tínhamos constatado noutro lugar da Freguesia denominado a
Barrosa, no Algueirão Velho; bem como em Barcarena, no vizinho concelho
de Oeiras.
Aliás, o assunto até já foi aqui, na Sintra
Deambulada, focado (Os baldios do Algueirão- entre a posse e o prazer de
possuir; Novembro de 2013). Estas muralhas ou divisórias de propriedade
rústicas foram construídas pela família de Sebastião José Carvalho de Melo,
conhecido por Marquês de Pombal mas que, na época, em que mandou construir
estes amuralhamentos, em torno das terras baldias que passaram a integrar o seu
morgadio era, somente, Conde de Oeiras. A Ordem Régia foi acatada, e a família
amuralhou, marcou-as.
A forma singular e
poderosa construção destas muralhas, que apesar de passar mais de duzentos anos
teimam, ainda, em manter-se, são um dado precioso no terreno, para que se possa
compreender qual foi a extensão do império agrícola do Conde de Oeiras na
região de Sintra e, claro está, em Oeiras.
Excerto do Alvará Régio de 1765
“….. hey porbem aprovar e confirmar a doação desta porção de
baldio / no sitio do Algueirão no te.o [rmo] da V.a [ila]
de Cintra deq’[ue] a Raynha minha sobre todas m.o[uito] / amada e
prezada mulher fez mce[ercê] ao mesmo sup.e[licante] por
carta de 28 de / Março por ser producente na forma q’[ue] nelle se contém E
quero e man / do q’[ue] tenha o seu devido esplenado apesar nas obstante a
desposição da Ordena / ção do L.o[ivro] Seg.do[undo] art.o[igo]
16 e 18 concedendo o d.to[ito] baldio q’[ue] se ade murar dentro no
/ limite da coutada da referida V.la e de quaisquer seus regimen.tos
disposições / ordenem em contrário. Pelo q’ [ue] mando a todas as justiças e
mais pessoa q’ [ue] / o conhecim.to [ento] deste Alvará pertense o
cumprão e guardem e o fassão (……..….) / cumprir e guardar como nelle se conthem
…….”
Marco de deambulação dos baldios do Algueirão, 1765
Marco e muralha em Barcarena
Muralha de baldio em S. Romão
Muralha de baldio na Barrosa, Algueirão
Não é fácil!
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