sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Carta a D.Manuel Clemente e ao Sheik Munir

ANTÓNIO LUÍS LOPES
 
Divulgo conteúdo de e-mail que irei enviar, nesta data, ao Sheik David Munir, da Mesquita de Lisboa, e ao Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa:
"À atenção dos Exmºs Senhores
Sheik David Munir – Mesquita de Lisboa...
Cardeal Patriarca de Lisboa
Na sequência dos trágicos acontecimentos de Paris, enquanto cidadão Português, deputado na Assembleia Municipal de Sintra (líder da bancada do Partido Socialista) e católico, venho por esta via apresentar a seguinte proposta: que o Sr. Cardeal Patriarca de Lisboa e o Sheik David Munir, da Comunidade Islâmica, articulem entre si a realização, numa grande praça de Lisboa (Terreiro do Paço, por ex.) de cerimónia religiosa conjunta, em memória das vítimas de Paris e contra toda a violência extremista que, atualmente e de uma forma inaudita, ameaça o Continente europeu. Creio que seria um momento único e de grande significado no contexto europeu num País que tem, nas suas raízes, a cultura islâmica, mesclada ao longo dos séculos com a tradição cristã.
Considero, ainda, que as primeiras “vítimas” do extremismo islâmico são os meus irmãos muçulmanos - os que professam a sua religião pacificamente, os que têm em comum comigo (cristão) as raízes da sua Fé, os profetas iniciais, a crença num Deus único, a solidariedade com os mais fracos. Eles são os primeiros reféns da loucura criminosa dos terroristas islâmicos - porque a ignorância de muitos os confundirá com essa teia de medo, quando eles nada têm a ver com ela e são tão "vítimas" como qualquer um de nós.
Não é a religião que separa os homens - mas sim os homens e a forma como usam a religião para cavar trincheiras entre si. Não confundo a Fé no Islão com o terror islâmico, tal como não confundo o Papa Francisco com o inquisidor-mor, Tomás de Torquemada. Hoje (talvez mais do que nunca) é preciso relembrar isso - para que aqueles que legitimamente se insurgem contra a barbárie terrorista não acabem a ser os "cavalos de Tróia" da corrente xenófoba que ameaça percorrer a Europa (e o Mundo) de novo. In šāʾ Allāh. إن شاء الله.
Com os melhores cumprimentos,
António Luís Lopes"

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