terça-feira, 4 de junho de 2013

Sintra...de quem importa dar notícia-por Luís Miguel Baptista


LUÍS MIGUEL BAPTISTA



Deambulemos, nesta oportunidade, pelos caminhos da informação.

Sintra tem velha tradição no domínio da publicação de jornais, cuja origem remonta ao século XIX.
Do passado, embora referente a um período temporal posterior, resiste o velho “Jornal de Sintra”.
Entretanto, outros títulos foram ficando pelo caminho. Assim aconteceu, por exemplo, com “A Pena”, de boa memória, talvez, o mais bem conseguido projecto editorial do género de que Sintra desfrutou nas últimas décadas.
A informação constitui um vector indispensável na manutenção da nossa condição de cidadãos activos e participativos na comunidade. Logo, devemos ser exigentes na qualidade do jornalismo.
Sintra tem hoje em circulação vários periódicos, mas nenhum deles assume o carácter de jornal de grande dimensão/circulação, consentânea com a importância do posicionamento do concelho no contexto do país.
De modo transversal, o aspecto financeiro condiciona sempre a vida dos jornais locais e regionais, mormente, a limitada receita da exploração publicitária, que é cada vez mais exígua em razão da actual conjuntura.
E não haverá, entre nós, número excessivo de jornais, face a um mercado que se vê hoje cada vez mais condicionado nas suas opções de investimento? Talvez.
Há muito que defendo que a sustentabilidade dos jornais em Sintra deveria passar pela convergência, embora saiba, à partida, que poucos ou quase nenhuns estariam na disposição de abdicar do seu projecto, fundindo-o num outro mais abrangente e, decerto, mais favorável para todos em diferentes aspectos.
Todavia, por mais antagónico que pareça o meu ponto de vista, Sintra precisa de mais. Ou, antes, de um novo jornal, feito com ambição, sem estereótipos, editado em bilingue, a pensar em nós e naqueles que nos visitam; um periódico com conteúdos variados e, como tal, dirigido a públicos distintos, à luz do conceito da tão defendida e proclamada multiculturalidade. Tudo isto e não só subordinado a um arrojado plano de viabilização, capaz de captar investimento, sedimentado num produto que seja visível e dê visibilidade. O cartão-de-visita de Sintra, dos seus territórios, das suas gentes, da sua cultura e das suas tradições, em Portugal e no Mundo.
Um jornal faz-se, é óbvio, com investimento financeiro. Mas faz-se, sobretudo, com pessoas e profissionais. E essas e esses não faltam, em número e qualidade redactorial e, também, reflexiva no domínio da opinião, capazes de garantir o sucesso.
Deambulo por Sintra, desfolho as páginas dos jornais e leio, sem ofensa, mais do mesmo. Dia após dia, cidadãos anónimos, nas mais diversas áreas de actividade, fazem notícia, porventura, por razões mais relevantes e oportunas do que aquelas que vemos publicadas, regularmente, acerca de factos e feitos de alguns que fazem parte do nosso sistema social. Mas o espaço, nas colunas, e/ou os critérios editoriais não lhes assistem.
Sintra, criatividade, notícia. A trilogia que admito necessária promover no panorama da imprensa, para que deambulemos, na nossa terra, com maior orgulho de sermos quem somos!  

Luís Miguel Baptista, natural de Agualva-Cacém, é jornalista há 20 anos e detém formação em Ciências da Comunicação e História. Tem exercido a actividade nas áreas da imprensa, da rádio e da televisão e, mais recentemente, no domínio da multimédia. Em Sintra, foi director do “Jornal de Sintra” e colaborou, em períodos distintos, com a Rádio Ocidente, a Rádio Clube de Sintra e a revista “Sintra Regional”. Ao nível do associativismo, entre outras funções, presidiu à Direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém e integrou a Comissão Pró-Desenvolvimento de Agualva-Cacém.
Tem livros publicados, nomeadamente, em co-autoria, a biografia “Ribeiro de Carvalho – Um Republicano com Alma de Sonhador”, antigo presidente do Senado de Sintra.

1 comentário:

  1. Parabéns Luís.A paixão pelo jornalismo, tal como pelos bombeiros, vai-nos acompanhar até ao fim da vida. Agora cidadão de Lisboa,vou acompanhar as suas deambulações por Sintra. Um abraço. Duarte Caldeira

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