sexta-feira, 29 de novembro de 2013

A caça às bruxas

BÁRBARA JORDÃO RODHNER


No outro dia sentei-me no jardim para contemplar os pássaros.

Há muito que a Natureza é a minha via. Uma concha que se enrola, internamente, em espiral como a ponta dos dedos da minha mão são provas vivas e infinitas de que Deus, em qualquer formato, Existe.

Qual meu espanto quando um vizinho, homem de Cristo, se aproxima para trocar ideias, um vizinho que eu admiro, que escuto, um vizinho que nem é velho, antigo ou antiquado, é um Homem que se tenta apresentar e se experimenta, muitas vezes ou quase sempre, por aquilo que se chama, no comum do inconsciente, o Bem. Falamos sobre Arte, como se apresenta A arte e o meu corpo foi rasgado, trespassado, com facas afiadas e finas de forma lenta mas atenta.

"A Arte, é quase sempre e toda Obra inteira do Diabo. Tudo o que está bem escrito, tudo o que está perfeito é d'ele. Ele mora nos detalhes."

Fiquei sem palavras, não apenas naquele momento, mas n'uma semana inteira, se O Diabo mora na escrita, na poesia, na dança, na música; QUEM SOU EU?

Que Deus é esse que me fez à sua imagem e perfeição, me deu olhos para chorar, braços para dançar, corpo para amar, e depois me "acusa" de pecar por Ser Criadora como o meu próprio Pai, aquele... "que me Fez á sua Imagem"?

Calei.

Calei e comi.

Calei e engoli.

Calei e digeri.

Calei mas vomitei.

Sou livre!

Sou livre para discordar, sou livre para amar a Arte e toda a Natureza como quem ama Jesus e ama a sua Cruz.

Se há historia e livro mais morbidamente bem contada e escrito é esse mesmo, a Bíblia que tem como protagonista esse Ser mágico que eu tanto admiro mas chega de fanatismo! Chega de d-i-v-i-s-ã-o, de discórdia, de matar em nome de.

Sou tão filha perfeita quando recuso uma ida à missa com a benção de uma mão alheia como qualquer um que vá e não entenda ou oiça absolutamente NADA do que lá foi dito.

Sou tão pura e inocente quando me ajoelho na terra húmida e escura dando graças ao que Ela me dá como qualquer um que chore em frente á imagem linda de uma Virgem Maria.

Sou tão inteira e única quando me desmancho, me confesso, me condeno e peço perdão dentro das paredes da minha casa entre a minha família como qualquer um que o faz n'um confessionário. Se foi Jesus que disse eu repito.:

"Somos todos irmãos." Sejamos então.

Que o julgamento entre nós se desvaneça como as rochas se transformam em areia; isso sim É OBRA DE DEUS, que cada um seja livre para encontrar a SUA oração, o SEU Templo, a SUA Missão.

Se eu sinto Deus em todas as coisas vivas, se o sinto em cada artista, até mesmo num "vilão", como posso eu ser demoníaca?

Olho o mundo todos os dias e até neste encontros "menos felizes" vejo A sua Obra; absolutamente PERFEITA, sem ponta de mancha.

Obrigada Irmão por me mostrares o caminho, o MEU caminho:

(Dead can Dance By Pina Bauch)
Por Barbara Jordão
www.faymaymae.bloguespot.pt

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