domingo, 28 de julho de 2013

Chegou tempo de pôr fim à farsa

RENATO EPIFÂNIO
À vista mais curta, todos tiveram a sua vitoriazinha. Cavaco Silva, por via de mais um dos seus famosos “tabus”, conseguiu de novo ser o centro das atenções durante uma semana e pôde mesmo dizer: “pelo menos, tentei”. Pedro Passos Coelho recebeu a “garantia presidencial” de levar o seu mandato até ao fim. Paulo Portas conseguiu finalmente chegar a Vice-Primeiro-Ministro com amplos poderes. António José Seguro pacificou uma vez mais o seu partido. Não chegou, porém, sequer a ser uma vitória de Pirro.
Na verdade, todos perderam. E muito. Cavaco Silva expôs uma vez mais a sua fragilidade – um Presidente forte teria conseguido impor um Compromisso de Salvação Nacional. O mesmo se diga de Pedro Passos Coelho – que não consegue controlar, de todo, os seus ministros. E de Paulo Portas – irrevogavelmente ferido na sua credibilidade, agora até no interior do seu partido, que o forçou a recuar. E de António José Seguro – as pressões de que foi publicamente alvo, e às quais sucumbiu, provam bem a sua insegurança. Seguro provou, uma vez mais, que não é, seguramente, a solução.
Na dita “esquerda”, os partidos que temos demonstraram, uma vez mais, a sua irrelevância. A encenada tentativa de convergência durou apenas umas horas antes de se desvanecer. Mas, como a memória é curta, em breve, decerto, subirá de novo ao palco. Até ao dia em que já não houver ninguém na plateia para assistir, pela enésima vez, à mesma farsa de sempre. O que estará para muito breve – nas próximas eleições, ou aparece algo de verdadeiramente novo, ou então só nos resta o voto branco ou nulo. Chegou o tempo de pôr fim à farsa.

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