domingo, 28 de junho de 2020

Dois poemas de Maria José Bento

MARIA JOSÉ BENTO





Maria José Bento nasceu a 13 de Março de 1960, e desde muito nova tem o gosto pela escrita. Costumo dizer que é “poeta” de gaveta, mas é das muitas gavetas dos nossos inúmeros poetas que temos de libertar a poesia e espalhar a magia da palavra.





“…FALO E DIGO…”

Assim falo e digo
Do poder da multiplicidade,
Não sentir vaidade
Da camada de nervos.
Da perfeita química do físico
Da energia fundamental,
Numa marcha triunfal
Da aparência, do sujeito.
Até do objectivo, da forma
Do além da vida,
Com a alma anda metida
Até do jogo das escondidas
Das intenções, da arte
Do que queremos e fazemos,
Do que pensamos e dizemos
Do que já está feito…
Do final, do perto, do longe
Dos poemas que quero e faço,
Nos gestos de repulsa ou de abraço
Porque tudo se vive e é vida!
Paro, escuto, e reconheço o querer
O som da minha voz no ar,
Anima-me a capacidade de julgar
E ser alguém que vive de energia!


“FALTA…QUALQUER COISA!”

Falta sempre qualquer coisa
Até a mim falta também,
Falta em cada cubo seis lados
E o saber exprimir bem!

Quatro lados em cada quadrado
A solidez na dimensão do papel,
Perpetuar o movimento da corda
Não sentir estático o cordel!

Criar mais movimento nos versos
Que as células não sejam…verme,
Na música criar todo o ritmo
Não temer na vida o treme-treme

Nunca copiar o eco das coisas
Ver no espelho o reflexo real,
Vibrar com a sensibilidade
Ter lucidez, não ser ilegal!

Falta cantar, sem poder cantar
Não dar o canto por conveniência,
Fazer dos gestos uma roda alta
Para não ver insipida a existência!




Sem comentários:

Enviar um comentário