Nos meus
bons tempos de rapaz novo, nascido e criado na Vila Velha, fazíamos ali a nossa
vida, trabalho casa, casa Café Paris, sede do Hockey, por ali, eu a determinada
altura com a “febre” da música, intervalei desde os meus 16 anos até ir para
Angola, era só ensaios, e atuações, e consequentemente dias inteiros na
Sociedade União Sintrense a ensaiar ou nas deslocações para atuar.
Tínhamos
o culto da amizade, não haviam telemóveis, redes sociais e essas coisas
modernas, mas, tínhamos imaginação e divertia-mo-nos.
Passávamos
horas a conversar, quantas vezes juntávamos um grupo, ou mesmo conversas a dois,
e íamos para o Paço andar para trás e para a frente a falar do quotidiano, de
música, desporto, do Hockey de Sintra, das miúdas, e de uma quadrilhice ou
outra. Não podíamos fugir, então como conseguíamos passar o tempo.
Mas, em
termos de quadrilhice, ninguém batia o RÁDIO RATA, o tal que nós dizíamos que
estava sempre a funcionar, 24 sobre 24 horas! E estava!
Era uma
família que morava numa casa, virada para o Largo da Vila, fosse a que horas
fosse se chegasse alguém, ou houvesse movimento extraordinário, lá estavam ou
ela ou ele, a remexer as cortinas para quadrilhar e ver o que se estava a
passar. Nós moços irreverentes, começávamos logo a gritar, RÁDIO RATA A
FUNCIONAR, a curiosidade daquela gente era tanta que não largavam a
“vigilância”.
Como se
estava em pleno salazarismo, havia sempre aquela dúvida, se seria vigilância
pidesca, ou mesmo só curiosidade.
Se algum
de nós se diferenciava por ser mais esperto, curioso, ou quadrilheiro, o
apelido era ser Rato, ter muita ratice, daí o Rádio Rata, porque fazia parte da
nossa terminologia.
Isto
podia dar pano para mangas, mas é aborrecido pormenorizar, porque embora já
tenham morrido os originais, que por isso nos merecem respeito, devem ter
familiares descendentes, e não vou sujar o nome de ninguém, e não tenho memória
que tenham prejudicado ninguém nestas suas “pesquisas de janela”.
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