O recorte acima é do jornal República de 18 de Março de 1936. Uma investigação criminal começara no final de 1935, com o desaparecimento de um homem que suspeitava que a irmã frequentava um clube feminino de Sintra onde, a par de eventos culturais, se realizariam encontros lésbicos. Era o Chalet das Cotovias, e frequentavam-no altas figuras da sociedade portuguesa de então - uma filha do Presidente Carmona, a escritora Fernanda de Castro, a directora do Museu Bordalo Pinheiro, entre outras. A vítima terá desaparecido quando foi a Sintra em busca da irmã. O seu cadáver, em avançado estado de decomposição, foi encontrado a 23 de Fevereiro, num matagal contíguo à estrada de Sintra.
Se até aí a investigação pretendia localizar o desaparecido, desde então visou esclarecer as circunstâncias em que ocorreu o crime.
Carlos Ademar, antigo inspector da Judiciária e autor desta obra, foi ao museu da Polícia e desencantou o processo original, descobrindo que nem todos os factos foram como narrado, mas, ainda assim, lançou mãos à obra e decidiu-se pelo retrato do Portugal do Estado Novo, das diversas polícias que em surdina rivalizavam, de vícios privados e públicas virtudes. O Chalet das Cotovias, uma sugestão de leitura para este Verão ainda fresco.
Bem lembrado este caso, Fernando. Aliás, o Saramago aproveitou esta notícia para a incluir no livro O Ano da Morte de Ricardo Reis.
ResponderEliminarJá li o livro do Carlos Ademar e adorei.
ResponderEliminar:)
Maria Rodrigues