É notório o crescimento do número
de turistas que Sintra tem tido nos últimos anos. Esse crescimento deve-se, com
certeza, ao investimento feito pela Autarquia na promoção de Sintra e do seu
património. Tem-se assistido também ao crescimento do número de hotéis, casas
de hóspedes, pensões, etc, nomeadamente no centro histórico, numa tentativa de
suprimir as óbvias lacunas neste capítulo. As administrações dos parques,
jardins e palácios têm também tentado acompanhar o crescimento desse fluxo e é
bem visível que as condições para receber os turistas são consideravelmente
melhores do que há uns anos atrás.
É agora importante que não se
fique por aqui e que os responsáveis autárquicos pelo turismo e pela cultura
aceitem o desafio de fazer o upgrade necessário
que transportará a Vila de Sintra para outro patamar. É importante desenvolver
uma estratégia que permita evoluir de uma vila que é já conhecida mundialmente
pelos seus palácios e parques para uma vila que para além dos seus palácios e
parques é também um pólo artístico e cultural vivo, um local onde a oferta de
espectáculos, exposições, palestras, de artistas locais, nacionais e
internacionais, seja permanente e articulada e não pontual e desarticulada como
tem sido.
Desta forma, Sintra
regenerar-se-á e não correrá o risco de se transformar num gigantesco museu
onde podemos aprender sobre o passado. Pelo contrário, passará a ser um
laboratório onde a arte e a cultura continuam vivas e a história continua a ser
escrita.
Aceitar esse desafio é não
aceitar parar.
Cabe naturalmente à Autarquia
promover essa estratégia e articulação. Julgo até que com o número de agentes e
espaços culturais que já existem em Sintra e com o número de artistas que já
trabalham em Sintra, desde as artes do espectáculo às artes plásticas, há já
uma muito considerável massa humana e logística para se poder começar. E
comece-se sim, para já com o que há para depois ir crescendo sem pressas. Mas
comece-se!
E sobretudo encare-se esta
estratégia como uma questão estrutural que resista às cíclicas alternâncias
políticas, já que levará tempo a implementar e a olear e sofrerá naturalmente
de erros durante o processo, que desafiarão a solidez da proposta. Reúnam-se e
oiçam-se os agentes culturais e os artistas para se poder trabalhar em conjunto
aproveitando a experiência e sabedoria de cada um. Arranque-se, devagar e com
os pés no chão, mas com uma direcção definida.
Sintra só terá a ganhar.
André Rabaça (30-05-2013)
André Rabaça (Sintra, 1978), fotógrafo, designer gráfico e iluminador de teatro é membro da direcção do Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural em Sintra.
André Rabaça (Sintra, 1978), fotógrafo, designer gráfico e iluminador de teatro é membro da direcção do Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural em Sintra.
Bravo, apoiado.
ResponderEliminarA união faz a força. Haja vontade e Sintra tem tudo para ter a visibilidade artistica. Vamos a isso! :-)
Em termos de oferta cultural Sintra continua ainda muito pobre... e como disse e bem é necessário criar uma oferta articulada com algumas associações culturais locais... para quando mudança?!
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