sexta-feira, 31 de maio de 2013

Sintra Pólo de Cultura Viva

ANDRÉ RABAÇA

É notório o crescimento do número de turistas que Sintra tem tido nos últimos anos. Esse crescimento deve-se, com certeza, ao investimento feito pela Autarquia na promoção de Sintra e do seu património. Tem-se assistido também ao crescimento do número de hotéis, casas de hóspedes, pensões, etc, nomeadamente no centro histórico, numa tentativa de suprimir as óbvias lacunas neste capítulo. As administrações dos parques, jardins e palácios têm também tentado acompanhar o crescimento desse fluxo e é bem visível que as condições para receber os turistas são consideravelmente melhores do que há uns anos atrás.
É agora importante que não se fique por aqui e que os responsáveis autárquicos pelo turismo e pela cultura aceitem o desafio de fazer o upgrade necessário que transportará a Vila de Sintra para outro patamar. É importante desenvolver uma estratégia que permita evoluir de uma vila que é já conhecida mundialmente pelos seus palácios e parques para uma vila que para além dos seus palácios e parques é também um pólo artístico e cultural vivo, um local onde a oferta de espectáculos, exposições, palestras, de artistas locais, nacionais e internacionais, seja permanente e articulada e não pontual e desarticulada como tem sido.
Desta forma, Sintra regenerar-se-á e não correrá o risco de se transformar num gigantesco museu onde podemos aprender sobre o passado. Pelo contrário, passará a ser um laboratório onde a arte e a cultura continuam vivas e a história continua a ser escrita.
Aceitar esse desafio é não aceitar parar.
Cabe naturalmente à Autarquia promover essa estratégia e articulação. Julgo até que com o número de agentes e espaços culturais que já existem em Sintra e com o número de artistas que já trabalham em Sintra, desde as artes do espectáculo às artes plásticas, há já uma muito considerável massa humana e logística para se poder começar. E comece-se sim, para já com o que há para depois ir crescendo sem pressas. Mas comece-se!
E sobretudo encare-se esta estratégia como uma questão estrutural que resista às cíclicas alternâncias políticas, já que levará tempo a implementar e a olear e sofrerá naturalmente de erros durante o processo, que desafiarão a solidez da proposta. Reúnam-se e oiçam-se os agentes culturais e os artistas para se poder trabalhar em conjunto aproveitando a experiência e sabedoria de cada um. Arranque-se, devagar e com os pés no chão, mas com uma direcção definida.
Sintra só terá a ganhar.

André Rabaça (30-05-2013)

André Rabaça (Sintra, 1978),  fotógrafo, designer gráfico e iluminador de teatro é membro da direcção do Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural em Sintra.

2 comentários:

  1. Bravo, apoiado.
    A união faz a força. Haja vontade e Sintra tem tudo para ter a visibilidade artistica. Vamos a isso! :-)

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  2. Em termos de oferta cultural Sintra continua ainda muito pobre... e como disse e bem é necessário criar uma oferta articulada com algumas associações culturais locais... para quando mudança?!

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