Tive uma máquina no Banzão,
De poucos cavalos mas muita alma,
Com o tempo, baixou-lhe a pressão,
Perdeu a força e ficou mais calma.
Levei-a a Colares num domingo
De calor, o rio cheio de gente,
Depois à sombra dum velho gotingo,
Procurei sossegar a
sua mente.
Arrastou-me, teimosa, às Maçãs,
Deitou faíscas, comeu electrões,
Fundiu o amor com palavras vãs,
Unindo, assim, as nossas paixões.
Nas Azenhas, era bom namorar,
Com a brisa fresca junto à linha,
E quando tínhamos de abalar,
O fluxo estático nos retinha.
Puxava-me bem até à Ribeira,
Depois a subida com motor forte
Até às nuvens, sem grande canseira,
Orgulhosos sempre do nosso porte.
Num dia triste, fomos apanhados,
arrumados, ninguém mais nos olhou.
Vamos ter corações recuperados,
Esperança de novo nos voltou.
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