quarta-feira, 18 de junho de 2014

Só- Um poema de João Afonso Aguiar

JOÃO AFONSO AGUIAR











Sinto, só, o solo

árido e torrado

e apodreço-me


Bebo, só, o vinho

ácido e martelado

e esqueço-me



Como, só, a carne

azeda e malcheirosa

e adoeço-me


Durmo, só, o sono

intermitente e atormentado

e canso-me


Leio, só, o livro

alegre e alienado

e aborreço-me


Procuro, só, o amor

verdadeiro e tolerante

e perco-me


Vivo, só, o momento

necessitado e expirado

e, de vós, retiro-me



João P. Afonso Aguiar

Sintra, 1 de Junho de 2014

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