Eu tinha para ai cinco anos, fui com o meu pai acampar, sozinhos, para a encosta da margem do rio na praia. Os meus tios emprestaram-nos a tenda. Era uma tenda “caseira”. A minha tia era costureira e fez a cobertura, a estrutura era em tubos galvanizados, com encaixes.
Um espetáculo, era grande, familiar!
Só o meu pai, para ir armar a tenda em tal sítio. Do lado de lá do rio a encosta tinha uns socalcos, grandes. Foi ai, com vista privilegiada, que ficámos. Não me lembro do trabalho que terá dado, acartar as tralhas todas dum lado para o outro, da praia, atravessar o areal. Sim, porque o meu pai levava de tudo, aquele velho ditado " quem vai pro mar avia-se em terra ".
Uma recordação do primeiro dia. Após o “estaminé” montado os meus tios voltaram, para trazer as ultimas coisas, nas quais uma garrafa de leite pro “menino”. Devo ter atravessado o rio ao colo, para lá, mas quando regressámos eu vinha ao colo num braço e na outra mão o meu pai levava a garrafa, daquelas da Vigor, de boca larga. Vida de pai!
Na travessia, já escuro, um pé escorregou e caímos, O meu pai serviu de ”amortecedor”. Primeiro para não me molhar e segundo para não partir a garrafa. Resumindo, ele molhou-se mas amorteceu a minha queda e não partiu a garrafa. É logico que, apesar de ter boa memória, quem contou a história foi o meu pai. Eu tinha 5 anos!
Foram tempos maravilhosos. O que um puto pode querer mais? Na praia, na beira do rio. Grandes “explorações” nas margens, à descoberta. Apanhar enguias, minúsculas, ou subir a margem do rio até á ponte de madeira que ligava a piscina à encosta contrária, onde existiam, na altura, os bungalows. Havia malta mais velha que entrava prá piscina, de borla, por ai. Ir com o meu pai para as rochas, quando ele ia apanhar mexilhões ou polvos.
Conheci, nessa altura, o Ti Zé banheiro, sabia tudo sobre a praia. Uma vida ali, na praia, pele torrada do sol, chapéu à marinheiro. Terá sido por essa altura que o Ribeirinho montou o bar. Ir ás rochas apanhar alguma “coisa”, sempre me cruzava ou com o Senhor Mário, outra pessoa que sabia muito das lides da pesca, ou com o “Piolho Elétrico”, tudo malta vivida e sábia da Praia das Maçãs.
A minha mãe não gostava de acampar, por isso nos primeiros dias, éramos só nós dois.
O estar sempre pela praia, à noite era ir ver o futebol de salão, o convívio com outras pessoas, o conhecer pessoas novas.
Recordo essa primeira aventura, de começar a acampar, como uma experiencia maravilhosa, para a vida!
Boa tarde,
ResponderEliminarestou a estudar a piscina da Praia das Maçãs, será que me podia indicar +- quando esses bungalows foram instalados, e quando foram retirados? Qualquer informação seria útil. Muito obrigado.