Passei o dia na Serra;
Aquilo que antes me metia medo fascina-me,
Sinto a carne viva, o sangue que escorre, o sustento da vida, incrivelmente já não tenho frio, é a alma que se enrola, aninha, brilha, são as correntes do rio-riso-puro que atravessam através, entre, por dentro de.
Fundo-me; perco-me para me encontrar acertivamente. Oiço rãs, vejo sapos; piso poças, sinto lama; terra, solta, Natureza viva, morta; caminho, entro, mergulho, fundo, nunca me lembro da hora do regresso, ignoro o tempo, o prato-descalço por lavar; observo as árvores; dançam! A bruma que esconde; portas, janelas, cantos, montes! Atravesso um riacho de olhos fechados, estendo as mãos aos céus, encolho e estico o peito, observo; ouroboros, movimento circular; octogonal, central, nasal, funcional! Sinto o Tudo e integro o Nada; depois choro... Choro muito, choro tanto! O encanto, a beleza, a solidão; Por onde andei?! Onde me perdi?! Quem esqueci?!
Abraço uma Raiz.
Martela-me um impulso, cru, deito-me. Desejo dormir uma sesta mas ao invés disso escuto, oiço, vejo; Capto o mundo como ele verdadeiramente É, tão maior que eu e os meus pequenos pés, tão maior que o vizinho e o seu carro encarnado, tão maior que o amigo e o seu stress diminutivo. A terra gira, movo-me com ela, n'Ela, por Ela; as pedras, as rochas, as árvores, (outra vez as árvores!) permanecem "de pé", cantam, sem medo, as torturas da sua alma, o que nós lhe provocamos... Ainda assim libertam, gentilmente, oxigénio puro para nós vivermos; alimentam-nos, sem vingança, os sonhos que nos provocam e movem! Estabilidade debaixo da sola das botas; mantenho-me, firme-fico. Choro mais um pouco e tanto é mesmo tanto; Cada vez mais...
Resumo, seguro; agora que VI não posso esquecer; não estou preparada para morrer; vou ficar aqui uns largos anos, ponto. Com família, inteira, coesa, unida; concreta-amiga; por eles, por nós; Pendentes no mesmo ponto; o Centro.
Deus no Vento.
Mãe na Terra.
A Nossa Serra...
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