RENATO EPIFÂNIO
Assinalou-se recentemente o centenário do nascimento de Albert Camus e, uma vez mais, veio à tona o incómodo que a sua obra ainda hoje causa, desde logo em França e na Argélia, seu país natal. Assumindo-se como um apologista da revolta, mas não revolucionário, como um socialista, mas não marxista, defendeu a autonomia da Argélia, mas não a sua independência, o que tanto enfureceu aqueles que queriam manter o status quo colonial como os ditos “anti-colonialistas” que, tanto na França como na Argélia, se bateram por essa independência.
Assinalou-se recentemente o centenário do nascimento de Albert Camus e, uma vez mais, veio à tona o incómodo que a sua obra ainda hoje causa, desde logo em França e na Argélia, seu país natal. Assumindo-se como um apologista da revolta, mas não revolucionário, como um socialista, mas não marxista, defendeu a autonomia da Argélia, mas não a sua independência, o que tanto enfureceu aqueles que queriam manter o status quo colonial como os ditos “anti-colonialistas” que, tanto na França como na Argélia, se bateram por essa independência.
Talvez
seja essa, porém, a grande marca dos seres humanos, homens e mulheres,
realmente íntegros: pensar sempre “contra a corrente”, para além de
todas as ortodoxias, apenas fiéis a si próprios. Desde Sócrates, que, em
nome dessa fidelidade, aceitou, inclusive, a sua condenação à morte,
tem sido essa, pelo menos, uma das marcas maiores da Filosofia na
Europa. Eis, de resto, a Europa – apenas essa – que merece ser honrada.
Não aquela que, renegando o seu berço, cada vez mais espezinha a
dignidade da Grécia, a Pátria de Sócrates.
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