Era, e é, um dia especial! É o dia de aniversário da minha mãe, e, por
sorte, dia de “Pão por Deus” !!
Era um dia de correria!
Rua abaixo, rua acima.
O primeiro grande arranque nos sacos era feito na vizinhança.
Para além de bons doces, vinham umas boas moedas. Uma “ventoinha” ( nota de
20 escudos ), era mesmo só para os vizinhos mais chegados.
Como éramos putos, íamos a dois. Corríamos as quintas todas. Até a
estabelecimentos íamos. Mas também íamos mais longe, por exemplo, aos prédios,
na Portela!
Toda gente dava qualquer coisa. Na vizinhança, haviam aquelas velhotas que
davam uma pera cozida e umas castanhas.
A malta queria era rebuçados, doces e bolos.
Eram sacadas de línguas de gato, beijinhos, sombrinhas e Sugus.
Passar nos cafés da estação e Estefânia dava direito a um bolo, nem que
fosse do dia anterior.
Bolos não se comiam todos os dias.
Íamos às fábricas de bolos, da Monserrate e das padarias.
Corríamos tudo.
Coisas de puto, que não esquecem!
Pena é que tenha deixado de ser feriado !
" Adeus mundo, cada vez pior "
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