Iniciei
a viagem com rumo definido se é que tal afirmação me é permitida considerando
que tudo é relativo dependendo do factor tempo, do momento, do lugar, do olhar
e de quem observa. Tudo é mutável e se altera a cada instante. O planeta terra
está em permanente movimento de rotação e translação. A crusta terrestre pulsa
a cada momento que passa. O que parece não é, e o que é já foi. A pedra que
rola, o monte que sobe, a placa que se ajusta, a planta que brota e cresce,
definha e morre. Nada é imutável, tudo se move e transforma. É assim uma das
leis da vida. Como tantas outras que nos regem e governam. O homem que se
considera o Senhor do Universo mais não é que o governador das coisas terrenas
e explorador de outros homens e animais, e destruidor do próprio planeta em que
habita.
No
fundo somos dependentes e comandados pelo sol e pela lua, os quais com a sua
força gravitacional, fases e poder energético e calorífico vão condicionando e
definindo a vida dos homens. Se a estes elementos juntarmos os naturais chuva e
vento, fenómenos vulcânicos e outros, encontramos as leis que nos regem, que
por ventura estiveram na causa do desaparecimento de outras espécies animais e
vegetais, e quiçá serão no futuro os causadores do fim de toda a humanidade.
Infelizmente o ser humano com a sua atitude e comportamentos tem vindo a
acelerar todo este ciclo e evoluir, contribuindo para a rápida deterioração e
destruição da sua casa.
Acabei
por não iniciar viagem alguma. Após reflectir um pouco sobre tudo isto, sobre o
que à nossa volta está a acontecer, aquecimento global, diminuição das calotes
polares, poluição, combustíveis fósseis, ciclo do carbono, pegada ecológica e
outros fenómenos similares, decidi ficar por cá e neste ano fazer férias cá
dentro. Alterar alguns hábitos, conhecer melhor o meio, virar-me para os
passeios pedestres, pôr em dia as leituras e escrita, e já agora e porque não
proceder a algumas arrumações em casa e na garagem. É impensável a quantidade
de coisas e de lixo que vamos gradualmente e ao longo dos tempos acumulando em
casa e em especial na arrecadação lixeira que é a garagem. Por outro lado é
igualmente interessante o que se descobre cuja existência se desconhecia ou
ignorava, só pelo facto de se encontrar fora da nossa vista e alcance, provavelmente
porque fora dos nossos hábitos e consumos. Vim a encontrar livros repetidos,
autores desconhecidos, livros autografados e personalizados cujo paradeiro há
muito ignorava.
A
paragem ou melhor a não saída para fora em busca de novas e desconhecidas
paragens, levou–me a adquirir outros hábitos porventura mais salutares, como os
passeios pela manhã antes da acção solar mais irradiante e ainda pelo fina da
tarde quando o dia caminhava para o crepúsculo. Passeios refrescantes e
revigorantes em locais acessíveis e bonitos, alguns dos quais ainda do meu
desconhecimento apesar de se encontrarem muito perto.
Fiz
novas amizades, retemperei energias para as novas tarefas que me esperavam após
a recompensadora e merecida paragem.
Torna-se
óbvio que um simples acto e gesto isolado em torno de questão tão complexa e
importante que tenho vindo a relatar, significa zero no que toca ao esforço de
alterar e inverter todo um estado de coisa. Contudo, no fundamental senti-me
bem comigo e eu próprio passei a sentir-me melhor.
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