quinta-feira, 18 de julho de 2013

Da Lógica Partidocrática

RENATO EPIFÂNIO


Por mais que se fale de “salvação nacional”, toda a acção política acaba por ficar refém da lógica partidocrática. Não teria que ser assim, mas, em Portugal, parece ser impossível que assim não seja: o interesse partidário acaba sempre por se sobrepor ao interesse nacional. Noutros países (da Europa, para não irmos mais longe), ao invés, é relativamente comum o estabelecimento de acordos, sobretudo em épocas de crise. O que é próprio das democracias maduras: nestas, o que acaba quase sempre por prevalecer é a lógica do compromisso.

Nem sempre é fácil chegar a acordo. Muitas vezes, a opção é entre o “mal maior” e o “mal menor”. Mas é isso, desde logo, o que distingue as pessoas adultas dos adolescentes: chegar a acordo mesmo quando não há uma opção ideal. Por isso, quase quarenta anos depois do 25 de Abril de 1974, continuamos a ser uma democracia adolescente. Mas haja esperança: não era Platão que defendia que só a partir dos 40 se pode ser filósofo? Pode ser que nos tornemos enfim adultos. Pode ser que a nossa democracia passe finalmente a fase da adolescência.

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