Por mais que se fale de “salvação nacional”, toda a acção
política acaba por ficar refém da lógica partidocrática. Não teria que ser
assim, mas, em Portugal, parece ser impossível que assim não seja: o interesse
partidário acaba sempre por se sobrepor ao interesse nacional. Noutros países
(da Europa, para não irmos mais longe), ao invés, é relativamente comum o
estabelecimento de acordos, sobretudo em épocas de crise. O que é próprio das
democracias maduras: nestas, o que acaba quase sempre por prevalecer é a lógica
do compromisso.
Nem sempre é fácil chegar a
acordo. Muitas vezes, a opção é entre o “mal
maior” e o “mal menor”. Mas é
isso, desde logo, o que distingue as pessoas adultas dos adolescentes: chegar a
acordo mesmo quando não há uma opção ideal. Por isso, quase quarenta anos
depois do 25 de Abril de 1974, continuamos a ser uma democracia adolescente.
Mas haja esperança: não era Platão que defendia que só a partir dos 40 se pode
ser filósofo? Pode ser que nos tornemos enfim adultos. Pode ser que a nossa
democracia passe finalmente a fase da adolescência.
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