Não parecem ser frequentes as situações em que a elevação ética coincide
com a racionalidade político-económica. Às vezes parece até que estas
duas posições são por inteiro incompatíveis…
Vem isto a propósito de Mandela. Justamente, ele tem sido elogiado pela sua elevação ética – em particular, na sua relação com a minoria branca sul-africana. E todos os elogios que se lhe possam fazer nesta área não são demais.
Aqui, porém, vamos elogiar Mandela pela racionalidade da sua posição político-económica. Com efeito, ao não se ter vingado da minoria sul-africana, que impôs, durante séculos, um dos regimes mais hediondamente racistas de que há memória – e ele teria todas as razões para o fazer, pois foi, como se sabe, uma das pessoas que mais sentiram na pele a brutalidade do regime –, Mandela preservou a viabilidade política e sobretudo económica do seu país.
Ao contrário de outros líderes africanos que cederam a essa tentação e, com isso, desmantelaram as alavancas maiores das economias dos seus países – lembre-se o caso exemplar do Zimbabué de Mugabe –, Mandela percebeu bem que expulsar a minoria branca (ou “atirá-la para o mar”, como ainda hoje se ameaça) seria suicidário no plano económico.
Não é pois por acaso que, não obstante todos os seus graves problemas sociais, a África do Sul continua a ser o país mais economicamente pujante daquela região. Ao contrário de outros países – incluindo, é bom não esquecê-lo, algumas ex-colónias portuguesas –, a África do Sul percebeu bem que um regime democrático deve distribuir o mais justamente possível a riqueza criada. Mas, para que tal aconteça, importa primeiro que se crie riqueza. Só se pode distribuir o que existe. Não o que se destrói, por muitas razões que se tenham para tal.
Vem isto a propósito de Mandela. Justamente, ele tem sido elogiado pela sua elevação ética – em particular, na sua relação com a minoria branca sul-africana. E todos os elogios que se lhe possam fazer nesta área não são demais.
Aqui, porém, vamos elogiar Mandela pela racionalidade da sua posição político-económica. Com efeito, ao não se ter vingado da minoria sul-africana, que impôs, durante séculos, um dos regimes mais hediondamente racistas de que há memória – e ele teria todas as razões para o fazer, pois foi, como se sabe, uma das pessoas que mais sentiram na pele a brutalidade do regime –, Mandela preservou a viabilidade política e sobretudo económica do seu país.
Ao contrário de outros líderes africanos que cederam a essa tentação e, com isso, desmantelaram as alavancas maiores das economias dos seus países – lembre-se o caso exemplar do Zimbabué de Mugabe –, Mandela percebeu bem que expulsar a minoria branca (ou “atirá-la para o mar”, como ainda hoje se ameaça) seria suicidário no plano económico.
Não é pois por acaso que, não obstante todos os seus graves problemas sociais, a África do Sul continua a ser o país mais economicamente pujante daquela região. Ao contrário de outros países – incluindo, é bom não esquecê-lo, algumas ex-colónias portuguesas –, a África do Sul percebeu bem que um regime democrático deve distribuir o mais justamente possível a riqueza criada. Mas, para que tal aconteça, importa primeiro que se crie riqueza. Só se pode distribuir o que existe. Não o que se destrói, por muitas razões que se tenham para tal.
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