Psicólogo da Noite e de estados
de alma liquefeitos, teimosamente patrulhando uma nublada solidez
-Quando é que descobriste? Qual foi o momento em que passaste a olhar-me assim, com esses olhos?
-Lembras-te de quando
elogiaste o meu café em frente de toda a gente?
-Sim...
-Disseste que além do
sabor, continha um bocado daquela beleza que marcava tudo o que eu tocava, tudo
o que fazia, como se eu fosse a essência da beleza e andasse a distribuí-la
pelas coisas e pessoas...
-"Tornando tudo um
pouco mais colorido e elegante aos meus olhos... Um simples café fez-me
aperceber o quão feliz eu fico ao sentir que pertenço a uma parte do mundo que
ela transforma!" por acaso devo admitir que estava um tanto inspirado
nesse momento...
-Mas não foi só a frase
que me fez acordar, foi o facto de a dizeres sem tirares os olhos de mim... Ias
articulando as palavras enquanto percorrias os olhos por cada milímetro da
minha cara, como se definisses uma paisagem à medida que ela te aparecia no
campo de visão... Aí percebi que te era inata essa capacidade de criar harmonia
entre as coisas e a beleza das palavras que as definem...
-Daí apaixonar-me pela
beleza em si... Se soubesses o quão difícil é conviver com o que passamos a
vida a tentar descrever, sabendo nunca chegar ás palavras realmente dignas de
tal esforço, por não as haver...
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