Quando se fala em Património é necessário que não se tenha em
conta apenas o património edificado – as igrejas, os palácios, os castelos, as
fortificações, etc. O conceito de Património deve incluir a riqueza das
paisagens, da fauna e flora existentes, os usos e costumes, as lendas, o
vestuário tradicional, a gastronomia, os instrumentos de trabalho de outros
tempos, as particularidades da Língua, a música, etc.
Património não é uma realidade estática – renova-se e
(re)constrói-se em cada dia. Tem raízes no passado mas evolui no presente para
se projectar no futuro de uma Comunidade. Deve ser preservado mas,
simultaneamente, ter sempre novas páginas em branco para preencher. Tem que ser
conhecido e usufruído para que todos entendam a sua relevância e contribuam
activamente para a sua preservação.
Muito daquilo que hoje consideramos como Património resultou,
na época em que foi concebido ou erigido, de processos de inovação e, em certos
casos, até constituiu motivo de alguma polémica circunstancial. Nos alicerces
de muitos dos monumentos que nos rodeiam nos dias de hoje, dormem as ruínas de
património de outras eras…
Sintra tem uma riqueza incomensurável no Património que
possui. Esse Património constitui-se como legado universal e, como tal, deve,
acima de tudo, começar por ser amado e respeitado pelos habitantes do próprio
Concelho. Isso só acontecerá se existir um plano concertado e persistente de
divulgação, abertura, envolvimento, colaboração e “familiarização” dos Sintrenses com o seu Património. Estima-se e
respeita-se aquilo que consideramos como “nosso”.
Preserva-se e divulga-se aquilo em que nos consideramos envolvidos.
Esse é um desafio permanente – viver e fazer (re) viver o
nosso Património em cada dia. Aproximá-lo de quem, no seu dia a dia, pouco se
apercebe da sua relevância ou a acha responsabilidade de “outros”. Torná-lo “visita de
casa” dos grandes aglomerados urbanos, com a realização de eventos ou
promoção regular de iniciativas que o coloquem no centro da vida actual e “surpreendam” o quotidiano cinzento.
Estabelecer compromissos em que cada habitante do Concelho se sinta um “guardião” deste “tesouro” que é motor de desenvolvimento, gerador de emprego, factor
de progresso.
Creio que essa será a melhor forma não só de preservar o
actual Património mas também de contribuir para que se acrescentem novas
páginas a este “livro” que resulta de
uma “escrita” permanente.
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