terça-feira, 2 de julho de 2013

Viver o Património de Sintra

ANTÓNIO LUÍS LOPES

Quando se fala em Património é necessário que não se tenha em conta apenas o património edificado – as igrejas, os palácios, os castelos, as fortificações, etc. O conceito de Património deve incluir a riqueza das paisagens, da fauna e flora existentes, os usos e costumes, as lendas, o vestuário tradicional, a gastronomia, os instrumentos de trabalho de outros tempos, as particularidades da Língua, a música, etc.

Património não é uma realidade estática – renova-se e (re)constrói-se em cada dia. Tem raízes no passado mas evolui no presente para se projectar no futuro de uma Comunidade. Deve ser preservado mas, simultaneamente, ter sempre novas páginas em branco para preencher. Tem que ser conhecido e usufruído para que todos entendam a sua relevância e contribuam activamente para a sua preservação.

Muito daquilo que hoje consideramos como Património resultou, na época em que foi concebido ou erigido, de processos de inovação e, em certos casos, até constituiu motivo de alguma polémica circunstancial. Nos alicerces de muitos dos monumentos que nos rodeiam nos dias de hoje, dormem as ruínas de património de outras eras…

Sintra tem uma riqueza incomensurável no Património que possui. Esse Património constitui-se como legado universal e, como tal, deve, acima de tudo, começar por ser amado e respeitado pelos habitantes do próprio Concelho. Isso só acontecerá se existir um plano concertado e persistente de divulgação, abertura, envolvimento, colaboração e “familiarização” dos Sintrenses com o seu Património. Estima-se e respeita-se aquilo que consideramos como “nosso”. Preserva-se e divulga-se aquilo em que nos consideramos envolvidos.

Esse é um desafio permanente – viver e fazer (re) viver o nosso Património em cada dia. Aproximá-lo de quem, no seu dia a dia, pouco se apercebe da sua relevância ou a acha responsabilidade de “outros”. Torná-lo “visita de casa” dos grandes aglomerados urbanos, com a realização de eventos ou promoção regular de iniciativas que o coloquem no centro da vida actual e “surpreendam” o quotidiano cinzento. Estabelecer compromissos em que cada habitante do Concelho se sinta um “guardião” deste “tesouro” que é motor de desenvolvimento, gerador de emprego, factor de progresso.

Creio que essa será a melhor forma não só de preservar o actual Património mas também de contribuir para que se acrescentem novas páginas a este “livro” que resulta de uma “escrita” permanente.

 

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