Francisco Costa (1900-1987) é o único escritor genuinamente sintrense: nasceu, foi baptizado, casou, viveu, trabalhou e morreu em Sintra. Na sua actividade profissional e estética, privilegiou sempre Sintra, seja enquanto romancista, seja enquanto historiador. Trabalhou durante longos anos como contabilista na Adega Regional de Colares e, em 1939, mercê de um curso de bibliotecário que tirara no final do liceu, transitou para a Câmara Municipal de Sintra, onde fundou a Biblioteca e o Arquivo Municipal, então instalados no Palácio Valenças, na Vila Velha.
Após dois anos de convalescença devido à febre pneumónica que assolara o país em 1917/18, Francisco Costa publica o seu primeiro livro de poemas, Pó, em 1920, recebendo louvores críticos de Ferreira de Castro. Posteriormente, em 1925, publica Verbo Austero, que colhe os favores de Fidelino de Figueiredo, crítico literário classicista, e do modernista Fernando Pessoa, que lhe pede alguns poemas para a sua revista Athena. Neste livro, é publicado o soneto "Cruz Alta", actualmente inscrito no cume da Serra da Sintra.
Estilisticamente, a poesia e a prosa de Francisco Costa são profundamente clássicos e ele próprio, no prefácio a Algemas de Ouro, de 1933, regista as suas ideias anti-modernistas.
Abandonando a poesia (a que apenas regressará em 1987, em Última Colheita), Francisco Costa dedica-se ao romance, publicando a primeira trilogia na década de 40: A Garça e a Serpente, em 1943, Primavera Cinzenta, em 1944, e Revolta de Sangue, em 1946. Romance de estreia e considerado um dos seus melhores textos narrativos, A Garça e a Serpente foi galardoado com o Prémio Literário Eça de Queirós.
A sua luta ideológica e literária contra o modernismo prossegue com a conferência Velhice do Modernismo, em Coimbra, em 1945. No ano do centenário da morte de Eça de Queirós, 1945, Francisco Costa publica o polémico ensaio Eça visto por si próprio, um diálogo de Eça consigo próprio no ambiente da Serra de Sintra. Prolongando o seu cunho ensaístico, Francisco Costa tematiza a sua arte de escrita em Essência e Existência do Romance, em 1953. Porém, é em Cárcere Invisível, publicado em 1949, que Francisco Costa atinge a sua máxima mestria estilística e narrativa, tendo recebido o prestigiadíssimo prémio literário Ricardo Malheiros da Academia das Ciências de Lisboa.
Ideologicamente, a crítica literária atribui um fundo católico aos romances de Francisco Costa, embora o padre João Mendes, crítico literário da revista Brotéria, revista dos jesuítas portugueses, condene Francisco Costa por não ser suficientemente católico, dando acolhimento nas suas narrativas a temas como o divórcio, a culpa excessiva e o sentimento de descrença religiosa entre a juventude. Paradoxalmente, outros críticos literários, como João Gaspar Simões, criticam Francisco Costa por ser excessivamente católico.
Na década de 50, Francisco Costa publica a segunda trilogia, a que dá o título geral de "Em Busca do Amor Perdido": Acorde Imperfeito, de 1954, Nocturno Agitado, de 1955, e Cântico em Tom Maior, também publicado em 1955.
Em 1964, publica o romance Escândalo na Vila e em 1973 Promontório Agreste, integralmente passado entre Cascais e Sintra, retratando a aristocracia e a alta burguesia das duas vilas.
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