Olhar a
paisagem permite-nos desvendar a história. A arquitectura constrói camadas que
são marcas de uma época, relacionando-se com as pré-existências e esperando
pelo que de novo nascerá. A Biblioteca de Sintra, desenhada pelo arquitecto
Alexandre Marques Pereira, apresenta-se como uma marca do nosso tempo
que se liga ao passado e lança directrizes para o
futuro, envolvendo-se com o que a rodeia e sendo igualmente
abraçada pela ambiência característica da nossa Vila. Contém história e conta
histórias, constituindo uma obra de inegável qualidade arquitectónica e
destacando-se ainda pela forte vertente humana. Utilizando a antiga Casa
Mantero como ponto de partida é criado um novo edifício que define a Rua Gomes
de Amorim e se estende para trás, ligando-se ao denso verde. Tal como no
interior, também o espaço exterior nos apresenta uma enorme
diversidade de espaços, naturalmente de cariz distinto, destinados a diversos
usos. Assim, mais que um lugar de estudo, a Biblioteca de Sintra é essencialmente
um lugar de encontro. É deste modo que é guardado na memória de quem
aqui vive. É um lugar dotado de alma, cumprindo o propósito essencial da
arquitectura como arte de cariz humano: constituir o palco da vida, oferecendo
espaços com significado que permitam ao Homem sentir-se em casa,
identificando-se[i]
[i] “Quando o ambiente criado pelo homem tem significado, o
homem sente-se em casa” (NORBERG-SCHULZ, Christian (1979) – Genius Loci :
Towards a phenomenology of architecture. New York : Rizzoli., p. 50)
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