segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Biblioteca com Vida

GONÇALO MOLEIRO

Olhar a paisagem permite-nos desvendar a história. A arquitectura constrói camadas que são marcas de uma época, relacionando-se com as pré-existências e esperando pelo que de novo nascerá. A Biblioteca de Sintra, desenhada pelo arquitecto Alexandre Marques Pereira, apresenta-se como uma marca do nosso tempo que se liga ao passado e lança directrizes para o futuro, envolvendo-se com o que a rodeia e sendo igualmente abraçada pela ambiência característica da nossa Vila. Contém história e conta histórias, constituindo uma obra de inegável qualidade arquitectónica e destacando-se ainda pela forte vertente humana. Utilizando a antiga Casa Mantero como ponto de partida é criado um novo edifício que define a Rua Gomes de Amorim e se estende para trás, ligando-se ao denso verde. Tal como no interior, também o espaço exterior nos apresenta uma enorme diversidade de espaços, naturalmente de cariz distinto, destinados a diversos usos. Assim, mais que um lugar de estudo, a Biblioteca de Sintra é essencialmente um lugar de encontro. É deste modo que é guardado na memória de quem aqui vive. É um lugar dotado de alma, cumprindo o propósito essencial da arquitectura como arte de cariz humano: constituir o palco da vida, oferecendo espaços com significado que permitam ao Homem sentir-se em casa, identificando-se[i]


[i]Quando o ambiente criado pelo homem tem significado, o homem sente-se em casa” (NORBERG-SCHULZ, Christian (1979) – Genius Loci : Towards a phenomenology of architecture. New York : Rizzoli., p. 50) 
  

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