Na minha casa sempre se criaram coelhos e galinhas!
Tínhamos um bom quintal e o meu pai fez várias coelheiras,
com uns caixotes, que lhe ofereceram, na altura, da Tabaqueira. Eram grandes e
resistentes. Era só colocar um aro com rede e fazia a frente. Num canto uma
porta e estava feito. Vários caixotes encostados uns aos outros, em redor do
quintal.
As galinhas, essas, tinham casa sólida, no quintal existiam
umas arcadas, por baixo das varandas. Uma era onde a minha mãe tinha a “máquina de lavar roupa”, da época, um “tanque", outra era para arrumação
de tralha e outra o galinheiro. Ainda era grande. À frente um aro, grande, com
rede e com a porta. Lembro-me que o meu pai fez uma abertura no cimo da rede,
com um poleiro. Era para entrarem e saírem outros “habitantes”, uns pombos brancos que, na altura, existiram. Lembro-
que fizeram uma rica canja.
O meu quintal era uma “miniquinta”,
tinha uma nespereira, muito grande e alta, quando “carregava” havia nêsperas para dar e vender. Havia um espaço
grande, onde o meu pai plantava alfaces, comprava várias qualidades, depois de
crescerem ficava um colorido espetacular. Em redor colocava couves, que serviam
de vedação às alfaces e havia sempre um canteiro para centros, salsa e hortelã.
Foi sempre este hábito, de lidar com animais de criação e
plantar verduras, que tive, desde muito puto e do qual gostava muito.
Só havia uma coisa que detestava.
Ir às aparas, de madeira, à serração dos Parrachos, por
detrás da estação.
Quando o meu pai colocava a saca, enrolada, em cima duma mesa
que existia na varanda, era sinal para eu ir.
As aparas eram muito importantes, eram a “cama” das galinhas.
Um puto tem sempre as suas manias, ou teimosias, mas tinha
que ser!
Quando vinha da escola, lá ia eu. Entrava na serração, ia ao
escritório ou procurava algum dos patrões e pedia se podia tirar uma saca de
aparas.
Era fácil e divertido!
Para já o cheiro a madeira, depois procurar uma pá e encher a
saca, calcar bem, para trazer bastante, depois amarrar bem a boca da saca e pés
ao caminho.
Era isso que detestava! Vir com a saca às costas, o caminho
todo!
O peso não era muito, era mais o volume. Mas tinha de ser
feito e era a minha “ajuda”.
Tudo isto são aprendizagens prá vida.
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