segunda-feira, 5 de agosto de 2013

No tempo em que andar à boleia era uma "alternativa"

JOSÉ CARLOS SERRANO


Apanhar uma boleia em “Nunes Carvalho“ ou descer até à Ribeira e apanhar uma boleia frente ao edifício onde eram as oficinas das camionetas da “ Sintra Atlântico “, atual Centro de Ciência Viva, era uma boa “alternativa” para chegar à praia.

Digo alternativa porque o dinheiro, nessa altura, era “caro” e os nossos pais tinham mais em que pensar.

Uma noite, não tendo companhia para alinhar comigo numa ida até à Praia das Maçãs às discotecas, fui sozinho, pró Nunes Carvalho. Não era primeira, nem foi a última vez que o fiz sozinho.

Nem foi preciso esticar o dedo, pára um carro claro, um Toyota Corola, queriam uma informação - para onde era a Praia das Maçãs!

“Eu quero ir para lá, se me derem boleia ensino o caminho”

Eram quatro gajos, da minha idade, e não conheciam o caminho.

Fui falando com eles, dando as indicações sobre como era a estrada sinuosa e a viagem foi boa, sem aceleradelas, e eu ia bem. Sendo malta como eu, íamos a falar da noite, das discotecas, do ambiente, até que percebi que algo se passava, iam a medo, perguntaram várias vezes se havia policia. Aí fiquei mais “desconfiado”! Até que se descaíram, que o carro não era deles, “tinham feito o carro“!

O que ia a guiar não tinha carta.

Bem, escusado será de dizer que pensei, em segundos – “tou lixado”, tenho de me ver livre desta “seita”!

Já tínhamos passado Colares. Tinha de ser rápido, sem mostrar nervosismos. Antes de chegar à Piscina da Praia das Maçãs disse - “eu fico aqui, vou ter com uns amigos que estão à minha espera “, e assim foi, deixaram-me ali!

Respirei o ar da praia 350 vezes!

Já me livrei de boa!

Nunca mais os vi.

Como é fácil entrar numa aventura sem querer!

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