Apanhar uma boleia em “Nunes Carvalho“
ou descer até à Ribeira e apanhar uma boleia frente ao edifício onde eram as
oficinas das camionetas da “ Sintra Atlântico “, atual Centro de Ciência Viva,
era uma boa “alternativa” para chegar à praia.
Digo alternativa porque o
dinheiro, nessa altura, era “caro” e os nossos pais tinham mais em que pensar.
Uma noite, não tendo companhia
para alinhar comigo numa ida até à Praia das Maçãs às discotecas, fui sozinho,
pró Nunes Carvalho. Não era primeira, nem foi a última vez que o fiz sozinho.
Nem foi preciso esticar o dedo, pára
um carro claro, um Toyota Corola, queriam uma informação - para onde era a Praia
das Maçãs!
“Eu quero ir para lá, se me derem
boleia ensino o caminho”
Eram quatro gajos, da minha idade,
e não conheciam o caminho.
Fui falando com eles, dando as
indicações sobre como era a estrada sinuosa e a viagem foi boa, sem aceleradelas,
e eu ia bem. Sendo malta como eu, íamos a falar da noite, das discotecas, do
ambiente, até que percebi que algo se passava, iam a medo, perguntaram várias
vezes se havia policia. Aí fiquei mais “desconfiado”! Até que se descaíram, que
o carro não era deles, “tinham feito o carro“!
O que ia a guiar não tinha carta.
Bem, escusado será de dizer que
pensei, em segundos – “tou lixado”, tenho de me ver livre desta “seita”!
Já tínhamos passado Colares. Tinha
de ser rápido, sem mostrar nervosismos. Antes de chegar à Piscina da Praia das Maçãs
disse - “eu fico aqui, vou ter com uns amigos que estão à minha espera “, e
assim foi, deixaram-me ali!
Respirei o ar da praia 350 vezes!
Já me livrei de boa!
Nunca mais os vi.
Como é fácil entrar numa aventura
sem querer!
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