O meu ser sobrevive, ainda que sequioso do teu amor.
Não se rasgam nestes lábios mais sorrisos.
Estes olhos desconhecem o encantamento de outrora,
graciosos cristais que reluziam, transformaram-se em nascentes lacrimosas.
Um rosto desbotado combina na perfeição com as vestes enxovalhadas.
Arrastado pela corrente inquinada da infidelidade,
sou hoje, um barco destroçado, ancorado na praia da desilusão.
Nas areias revoltas, fiz dos restos do nosso afecto,
uma colcha esmaecida p`ra me abrigar.
Do teu silêncio fiz um ameno rumor,
e deste infindável vazio, o meu espaço chamado solidão.
Neste refugio que me adoptou sem nada clamar,
os segundos perderam a identidade. São agora longos minutos,
e estes parecem gémeos das horas vãs que desenham a eternidade.
O tempo entrelaça-se na mágoa, mas ainda assim, perfuma a lembrança.
A convicção de que é bom deixar saudade,
converte-se na fragrância maior em que me aninho.
Aqui e agora, prevalece a certeza de estar sem ti.
Um dia e além, quem sabe…serás tu sem mim.
Neste cais anseio p`la ùltima partida.
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