Desde pequeno que me habituei a
ir apanhar castanhas ao Parque da Liberdade. Era fácil. Podia ir sozinho, mas
tinha de ir cedo. Os jardineiros variam os caminhos cedo. O parque tinha muitos
castanheiros. Era boa apanha se chovesse ou fizesse vento.
Quando o meu pai podia, íamos, na
sua Vespa, à Serra, à Fonte dos Amores. Quem é de Sintra já lá foi, uma vez
pelo menos. O caminho é pela estrada como se fossem para Seteais, quando chegam
ao Largo, frente à Quinta do Relógio (que fica frente à entrada da Quinta da Regaleira),
descem, entre muros, na primeira entrada de um caminho de saibro, à esquerda. Esse
é o caminho que vai prá Fonte dos Amores, prá Boiça, prá Saibreira, onde era o
campo em que a malta dos Seteais jogava á bola e quem sabia que o campo lá
existia.
São coisas que não esquecem! Momentos
de liberdade! Estar no meio da Serra a desfrutar do que a natureza nos pode dar.
Poder apanhar castanhas nos caminhos, das grandes, ou medronhos e abrunhos, com
que o meu pai fazia licor, ou trazer um garrafão de água, da Fonte dos Amores,
fresquinha.
Às vezes o meu pai aproveitava
para comprar um garrafão de vinho, quando vínhamos das castanhas, na Quinta do Relógio.
O caseiro vendia vinho. São coisas que me dão vontade de rir. Era puto! Lembro-me
que o sitio onde estava o vinho era por detrás da casa principal e o barril não
tinha torneira, ele chupava por um tubo para retirar o “néctar”, como se faz
quando se quer tirar gasolina, só que naquele caso até dava para beber uma
pinga. Não me consigo lembrar do nome dele, era forte, com umas grandes rosetas
na cara, muito castiço e simpático.
Enfim, coisas de infância …
Serrano o nome do caseiro da Quinta do Relógio era António Torres, foi canalizador na antiga Companhia das Águas, hoje SMAS, reformou-se e foi ocupar o lugar do pai também ele António Torres, e caseiro da Quinta do Relógio. O pai António Torres, foi quem fez desde o início, o desenho que estava suspenso do teto da Sociedade União Sintrense, no Baile das Camélias. Ele tinha um livro que deixou em herança ao genro José Simão, que foi o jardineiro continuador desses desenhos geométricos, que embelezavam a Sociedade naqueles bailes únicos, que muito difícilmente voltarão a repetir-se.
ResponderEliminarObrigado pela ajuda, Carlos José, Abraço
EliminarJosé Carlos Serrano