Tomás
Júlio Leal da Câmara nasceu em
Pangim, Índia Portuguesa, no dia 30 de Novembro de 1876 e faleceu em 21 de
Julho de 1948, aos 72 anos de idade, na Rinchoa (Freguesia de Rio de Mouro -
Sintra).
Desde cedo se destacou como pintor e caricaturista mordaz,
forma de expressão através da qual, enquanto Republicano de gema, combateu os
excessos, misérias sociais e hipocrisia da Monarquia da época e da Igreja
Católica que lhe dava suporte fundamental. Foi sem qualquer espécie de
contemplação que Leal da Câmara deu expressão a esse combate, com participações
em jornais da época como A Corja, A
Sátira, O Diabo ou A Marselhesa.
Considerado “inimigo da Coroa”, viu-se forçado a exílio no estrangeiro (Espanha, a que se seguiu França e, finalmente, a Bélgica), o que veio alargar o seu reconhecimento internacional, nomeadamente pelas suas caricaturas no conhecido jornal L´Assiette au Beurre.
Considerado “inimigo da Coroa”, viu-se forçado a exílio no estrangeiro (Espanha, a que se seguiu França e, finalmente, a Bélgica), o que veio alargar o seu reconhecimento internacional, nomeadamente pelas suas caricaturas no conhecido jornal L´Assiette au Beurre.
Foi grande amigo do poeta nicaraguano Ruben Dario
(pseudónimo de Félix Rubén García Sarmiento), um dos “pais” do modernismo na literatura hispano-americana. Dario
escreveu, entre outros, o famoso poema “A
Roosevelt”, onde invectivava o Presidente norte-americano:
“Es con voz de la Biblia, o verso de Walt Whitman,
que habría que llegar hasta ti, Cazador!
Primitivo y moderno, sencillo y complicado,
con un algo de Washington y cuatro de Nemrod.
Eres los Estados Unidos,
eres el futuro invasor
de la América ingenua que tiene sangre indígena,
que aún reza a Jesucristo y aún habla en español.
que habría que llegar hasta ti, Cazador!
Primitivo y moderno, sencillo y complicado,
con un algo de Washington y cuatro de Nemrod.
Eres los Estados Unidos,
eres el futuro invasor
de la América ingenua que tiene sangre indígena,
que aún reza a Jesucristo y aún habla en español.
Regressado a Portugal após a Revolução do 5 de Outubro de 1910, Leal da
Câmara fixou-se no Porto, onde promoveu, entre outras, a célebre exposição do
Grupo dos Fantasistas, no Palácio da Bolsa, em 1915. Enveredando pela carreira
de professor a partir de 1919, dividiu-se entre o Porto e a capital enquanto
docente de várias cadeiras de Desenho e Artes Decorativas.
Em 1930, com 54 anos de idade, Leal da Câmara foi residir para a Rinchoa
(aliás, para o Estado Livre da Rinchoa, como ele fazia questão de dizer!...). A
casa que adquiriu ( e que hoje constitui a Casa Museu Leal da Câmara) fora em
tempos uma estação de muda de cavalos e pertença do Marquês de Pombal. Leal da
Câmara fez as obras necessárias e adaptou-a para residência e atelier até ao fim dos seus dias.
As suas aguarelas e desenhos sobre figuras e tradições populares da zona
saloia perduram até aos dias de hoje e, para além da excelência artística,
constituem testemunho de inestimável valor sociológico e antropológico sobre aqueles
a quem Raul Proença assim caracterizava em 1924, no seu Guia de Portugal:
“Quando Afonso
Henriques tomou posse de Lisboa, consentiu-se ao mouro que refluísse para os
subúrbios da cidade, e ele aí se estabeleceu, entregue ao cultivo das hortas,
com a água a escorrer da nora generosa. É desta população consentida, mourisca
e subalterna que deriva o mais da gente que habita os contornos de Lisboa – o
saloio de tez morena, pele tisnada, olhos e cabelos negros ou castanhos,
membros secos, tipo sem finuras de raça e beleza plástica de linhas, tão
afastado da gente bela e robusta do Norte, como o berbere dum dos melhores
rebentos da gente circassiana”
Muchas gracias. Acabo de ver sus caricaturas en la exposición de la Fundación Lázaro Galdiano de Madrid. Câmara es auténtico como artista y como caricaturista.
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