ANTÓNIO LUÍS LOPES
Ao contrário de outras cidades e vilas do nosso País, Sintra
nunca desenvolveu (propositada ou inadvertidamente) nenhum evento, com impacto
significativo em termos de marketing
territorial e que se constituísse enquanto pólo dinamizador do comércio local,
dos agentes de Cultura, da animação dos espaços públicos e/ou culturais, etc.
Obviamente que existe um Festival de Música (Clássica) de
Sintra – mas, não querendo desvalorizar o mesmo, considero tratar-se de um
evento ainda algo "elitista" e que não constitui, de forma alguma,
uma “marca” distintiva imediatamente associada ao Concelho.
Dou exemplos concretos daquilo a que me refiro: Óbidos e o
Festival do Chocolate ou, agora, a Cidade do Natal; Amadora e o Festival de
Banda Desenhada; Cascais e o Festival de Jazz; Loulé, Sines ou Ovar e os
Desfiles de Carnaval; o Porto e o Fantasporto; o Estoril e o Festival de
Cinema; etc, etc, etc. São eventos que dinamizam aqueles territórios, atraem
visitantes, mobilizam a população residente, apoiam o comércio local.
Sintra tem uma paisagem natural e um património notáveis e
únicos que só farão sentido se forem "vividos" e usufruídos. Por
outro lado, há todo um Concelho que se estende muito para além do Centro
Histórico, da Pena ou do Castelo dos Mouros e que carece, igualmente, de
processos de atracção e animação.
Pela sua História, pela sua ligação ao esotérico e
misterioso, pelo seu romantismo, pelo seu “ambiente”, pelas actividades
características da região, Sintra tem todas as condições para conceber um ou
dois grandes eventos similares àqueles que apontei anteriormente. Imagine-se,
por exemplo, todo um conjunto de eventos ligados à sub-cultura “Gótica”, desde
a atribuição de um Prémio Literário na área do Fantástico (que bem se podia designar,
por exemplo, “Lord Byron” e ter um Dan Brown a entregá-lo em Sintra...), agora
que os romances de “vampiros” até estão novamente na ribalta; um festival de
Cinema sobre o tema com sessões em diversas salas do Concelho; organização de
festas temáticas em locais de diversão nocturna; encenação de espectáculos de
teatro em diversos espaços culturais (ex: Regaleira, Palácio da Pena, CC Olga
Cadaval, Casa do Teatro, Teatrosfera, associações diversas do Concelho);
organização de uma Conferência internacional com especialistas em temas
esotéricos, etc. Alguém duvidará do impacto de uma iniciativa deste tipo no
tecido social e económico do nosso Concelho, para além das potencialidades
enquanto “marca”, mesmo para além do território nacional?
Obviamente que os poderes públicos, ao nível local, são
determinantes no “kick-off” de qualquer projecto deste tipo, devendo assumir a
“liderança” do mesmo, gerando apoios e alargando o seu espaço de influência –
mas, infelizmente, nos últimos 11 anos, têm preferido fazer o papel de “Bela
Adormecida”...
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