domingo, 9 de junho de 2013

Uma ideia para Sintra


ANTÓNIO LUÍS LOPES

Ao contrário de outras cidades e vilas do nosso País, Sintra nunca desenvolveu (propositada ou inadvertidamente) nenhum evento, com impacto significativo em termos de marketing territorial e que se constituísse enquanto pólo dinamizador do comércio local, dos agentes de Cultura, da animação dos espaços públicos e/ou culturais, etc.

Obviamente que existe um Festival de Música (Clássica) de Sintra – mas, não querendo desvalorizar o mesmo, considero tratar-se de um evento ainda algo "elitista" e que não constitui, de forma alguma, uma “marca” distintiva imediatamente associada ao Concelho.

Dou exemplos concretos daquilo a que me refiro: Óbidos e o Festival do Chocolate ou, agora, a Cidade do Natal; Amadora e o Festival de Banda Desenhada; Cascais e o Festival de Jazz; Loulé, Sines ou Ovar e os Desfiles de Carnaval; o Porto e o Fantasporto; o Estoril e o Festival de Cinema; etc, etc, etc. São eventos que dinamizam aqueles territórios, atraem visitantes, mobilizam a população residente, apoiam o comércio local.

Sintra tem uma paisagem natural e um património notáveis e únicos que só farão sentido se forem "vividos" e usufruídos. Por outro lado, há todo um Concelho que se estende muito para além do Centro Histórico, da Pena ou do Castelo dos Mouros e que carece, igualmente, de processos de atracção e animação.

Pela sua História, pela sua ligação ao esotérico e misterioso, pelo seu romantismo, pelo seu “ambiente”, pelas actividades características da região, Sintra tem todas as condições para conceber um ou dois grandes eventos similares àqueles que apontei anteriormente. Imagine-se, por exemplo, todo um conjunto de eventos ligados à sub-cultura “Gótica”, desde a atribuição de um Prémio Literário na área do Fantástico (que bem se podia designar, por exemplo, “Lord Byron” e ter um Dan Brown a entregá-lo em Sintra...), agora que os romances de “vampiros” até estão novamente na ribalta; um festival de Cinema sobre o tema com sessões em diversas salas do Concelho; organização de festas temáticas em locais de diversão nocturna; encenação de espectáculos de teatro em diversos espaços culturais (ex: Regaleira, Palácio da Pena, CC Olga Cadaval, Casa do Teatro, Teatrosfera, associações diversas do Concelho); organização de uma Conferência internacional com especialistas em temas esotéricos, etc. Alguém duvidará do impacto de uma iniciativa deste tipo no tecido social e económico do nosso Concelho, para além das potencialidades enquanto “marca”, mesmo para além do território nacional?

Obviamente que os poderes públicos, ao nível local, são determinantes no “kick-off” de qualquer projecto deste tipo, devendo assumir a “liderança” do mesmo, gerando apoios e alargando o seu espaço de influência – mas, infelizmente, nos últimos 11 anos, têm preferido fazer o papel de “Bela Adormecida”...


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