É sempre constrangedor pormo-nos do mesmo lado da barricada
de François Hollande, um dos maiores bluffs políticos dos últimos tempos. Mas,
no seu recente diferendo com o nosso “compatriota”
Durão Barroso, somos obrigados a fazê-lo, com toda a convicção.
Recordemos, sucintamente, os termos do diferendo: havendo, em
cima da mesa, uma hipótese de acordo de livre comércio entre o espaço europeu e
o espaço norte-americano, Hollande reclamou, contra Durão Barroso, uma “excepção para os produtos culturais”.
Como se sabe, não é esse o único entrave ao acordo de livre
comércio, mas esse já seria suficiente para o travar de vez. Sabendo disso,
Durão Barroso, formado na velha escola do esquerdismo primário, sabe usar as
palavras que, retoricamente, mais doem: e nada mais dói a um homem de “esquerda”, como Hollande gosta de
parecer, do que ser acusado publicamente de “reaccionário”.
Perante tal palavra “maldita”,
há muita gente que fica confundida. Por isso, importa falar claro, usando até
outra palavra igualmente “maldita”:
proteccionismo. Sim, do que se trata é disso: de proteger a cultura europeia,
melhor dito, as diversas culturas europeias, perante a força avassaladora da
cultura pretensamente universal de matriz norte-americana.
Da parte do “revolucionário”
Durão Barroso, de resto, já nada surpreende. Nem sequer nos espantaremos se,
daqui a algum tempo, anunciar, com toda a pompa, a sua candidatura à
Presidência da República. Acreditamos até que ele possa ganhar. Perante um povo
que, de há muito, deixou de valorizar a sua cultura (para não parecer “reaccionário”), Durão Barroso será,
decerto, o Presidente da República que melhor o representará. A menos que,
entretanto, acordemos…
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