Atualmente o desenvolvimento ocupa um lugar de destaque
nas nossas preocupações modernistas. Especialmente no que toca à atribuição do
sentido ao termo «desenvolvimento» enquanto produto social e histórico. Esta
preocupação não é assim tao antiga, ela é recente no plano pós-modernista. A
crítica dominante à conceção de desenvolvimento está baseada na
industrialização, urbanização, burocratização e aos seus efeitos pouco
desejados: deterioração ambiental, concentração urbana, desertificação rural e
fracasso nas tentativas de reduzir as desigualdades socio-económicas. Tendo
isto em conta é fundamental e urgente ultrapassar a ideia etnocêntrica,
conservadora, economicista e historicista de desenvolvimento, que tem tido
lugar hoje nas reflexões e ações relativas ao desenvolvimento (Froehlich,
1998).
Neste sentido urge apontar (Lopes, 2001) em Desenvolvimento Regional. Simões Lopes afirma
que as questões de Desenvolvimento devem possuir um caracter interdisciplinar,
“ não há questões exclusivamente económicas; poucas haverá que sejam
exclusivamente sociais. Não há um «espaço» económico que o seja isoladamente. O
próprio «espaço» social, se isolado, seria demasiado restritivo” (Lopes, 2001). Este autor defende
que as causas nunca são estritamente económicas como muitas vezes vemos parecer
através dos meios informativos, mas sim causas de cunho social, naturalmente
com aspetos económicos, sociológicos, demográficos, políticos, institucionais,
técnicos, culturais, etc. O autor aponta a visão global da economia sobre uma
região como uma falha, afirmando que esta peca por ser demasiado ampla e vaga,
tem que incidir na categoria «espaço» e não menosprezá-la como muitas vezes o
fazem. Outro fator de mudança passa pela interdisciplinaridade, a economia não
pode ser o único fator condicionante da administração local/regional, ela tem
que ser complementada, os problemas nunca são estritamente económicos, antes de
tudo eles são problemas sociais com aspetos económicos, sociológicos,
demográficos, políticos, institucionais, técnicos, culturais, etc.
Temos que compreender que o desenvolvimento tem que ver
com as pessoas- as gentes que nos lugares habitam - o desenvolvimento não é
meramente quantitativo como muitas vezes nos fazem querer, ele ocupa também um
grande caracter qualitativo. É aqui que as alterações nos planos de
desenvolvimento devem incidir, estas medidas a pouco e pouco vão sendo
introduzidas, mas não chega, é necessário políticas mais fortes de ligação
entre a terra o povo e a entidade que pretende explorar a determinada
localidade com a finalidade de perceber e aplicar as questões que o
desenvolvimento deve impor- o equilíbrio, a harmonia e a justiça social- cuja
verificação pertence á organização espacial da sociedade.
É tempo de abandonarmos a visão positivista de que a
urbanização e a industrialização são os indicadores de desenvolvimento. O
desenvolvimento é o abstrato que num determinado espaço pertencente a uma
determinada população é considerado pela mesma, isto é, são as gentes do lugar
que devem definir o que é para elas desenvolvimento.
Estudante de Antropologia
Estudante de Antropologia
Bibliografia
Featherstone,
M. (1990). Moderno e Pós Moderno: definições e interpretações sociológicas. Sociologia.
Problemas e Práticas , pp. 93-105.
Froehlich, J. M. (Maio/Dezembro de 1998). O
"Local" na Atribuição de Sentido ao Desenvolvimento . Revista
Paraense do Desenvolvimento , pp.
87-96.
Lopes, A. S. (2001). Desenvolvimento Regional.
Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian.
Robertson, R. (1999). Globalização: teoria social e
cultura global. Petropolis: Editora Vozes.
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