LUÍS MIGUEL BAPTISTA
Deambulemos, nesta oportunidade, pelos
caminhos da informação.
Sintra tem velha tradição no domínio da
publicação de jornais, cuja origem remonta ao século XIX.
Do passado, embora referente a um período
temporal posterior, resiste o velho “Jornal de Sintra”.
Entretanto, outros títulos foram ficando pelo
caminho. Assim aconteceu, por exemplo, com “A Pena”, de boa memória, talvez, o
mais bem conseguido projecto editorial do género de que Sintra desfrutou nas
últimas décadas.
A informação constitui um vector indispensável
na manutenção da nossa condição de cidadãos activos e participativos na
comunidade. Logo, devemos ser exigentes na qualidade do jornalismo.
Sintra tem hoje em circulação vários
periódicos, mas nenhum deles assume o carácter de jornal de grande
dimensão/circulação, consentânea com a importância do posicionamento do
concelho no contexto do país.
De modo transversal, o aspecto financeiro
condiciona sempre a vida dos jornais locais e regionais, mormente, a limitada
receita da exploração publicitária, que é cada vez mais exígua em razão da
actual conjuntura.
E não haverá, entre nós, número excessivo de
jornais, face a um mercado que se vê hoje cada vez mais condicionado nas suas
opções de investimento? Talvez.
Há muito que defendo que a sustentabilidade
dos jornais em Sintra deveria passar pela convergência, embora saiba, à
partida, que poucos ou quase nenhuns estariam na disposição de abdicar do seu
projecto, fundindo-o num outro mais abrangente e, decerto, mais favorável para
todos em diferentes aspectos.
Todavia, por mais antagónico que pareça o meu
ponto de vista, Sintra precisa de mais. Ou, antes, de um novo jornal, feito com
ambição, sem estereótipos, editado em bilingue, a pensar em nós e naqueles que
nos visitam; um periódico com conteúdos variados e, como tal, dirigido a
públicos distintos, à luz do conceito da tão defendida e proclamada
multiculturalidade. Tudo isto e não só subordinado a um arrojado plano de
viabilização, capaz de captar investimento, sedimentado num produto que seja
visível e dê visibilidade. O cartão-de-visita de Sintra, dos seus territórios,
das suas gentes, da sua cultura e das suas tradições, em Portugal e no Mundo.
Um jornal faz-se, é óbvio, com investimento
financeiro. Mas faz-se, sobretudo, com pessoas e profissionais. E essas e esses
não faltam, em número e qualidade redactorial e, também, reflexiva no domínio
da opinião, capazes de garantir o sucesso.
Deambulo por Sintra, desfolho as páginas dos
jornais e leio, sem ofensa, mais do mesmo. Dia após dia, cidadãos anónimos, nas
mais diversas áreas de actividade, fazem notícia, porventura, por razões mais
relevantes e oportunas do que aquelas que vemos publicadas, regularmente,
acerca de factos e feitos de alguns que fazem parte do nosso sistema social.
Mas o espaço, nas colunas, e/ou os critérios editoriais não lhes assistem.
Sintra, criatividade, notícia. A trilogia que
admito necessária promover no panorama da imprensa, para que deambulemos, na
nossa terra, com maior orgulho de sermos quem somos!
Luís Miguel Baptista, natural de Agualva-Cacém, é
jornalista há 20 anos e detém formação em Ciências da Comunicação e História. Tem
exercido a actividade nas áreas da imprensa, da rádio e da televisão e, mais
recentemente, no domínio da multimédia. Em Sintra, foi director do “Jornal de Sintra” e
colaborou, em períodos distintos, com a Rádio Ocidente, a Rádio Clube de Sintra
e a revista “Sintra Regional”. Ao nível do associativismo, entre outras funções, presidiu
à Direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Agualva-Cacém e integrou
a Comissão Pró-Desenvolvimento de Agualva-Cacém.
Tem livros publicados, nomeadamente, em co-autoria, a biografia “Ribeiro de Carvalho – Um Republicano com Alma de Sonhador”, antigo presidente do Senado de Sintra.
Tem livros publicados, nomeadamente, em co-autoria, a biografia “Ribeiro de Carvalho – Um Republicano com Alma de Sonhador”, antigo presidente do Senado de Sintra.
Parabéns Luís.A paixão pelo jornalismo, tal como pelos bombeiros, vai-nos acompanhar até ao fim da vida. Agora cidadão de Lisboa,vou acompanhar as suas deambulações por Sintra. Um abraço. Duarte Caldeira
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